sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Esperando pela Fé

Isabella não sabia mais o que pensar. Ela não tinha vontade de acreditar no que estava acontecendo com a sua vida. "De repente se espera tanto para ir tão logo embora", pensava enquanto olhava o mar quebrar em suas pernas. Apesar de toda mágica do oceano, ela só conseguia sentir insegurança toda vez que a gelada água batia em seu corpo. Isabella não costuma ser pessimista, apenas não entendia como as coisas podiam mudar de uma hora para a outra. Um céu tão cheio de sonhos em que ela não sabia como voar. Achava que era egoísmo demais pedir algo tão pra si para Deus, mas mesmo assim não entendia o motivo dela não ter esse direito. Espera por algo melhor, mas uma pergunta ainda martela em seu coração: "Por que a empolgação tem que passar?"


Existe tempo para tudo nessa vida.

Tempo para sermos felizes, e tempo para ficarmos tristes. É inevitável que essas coisas acontecem no decorrer de nossos dias. O que temos que saber é dosar a intensidade dos sentimentos. Não procuro dizer aqui que devemos levar a nossa vida centrada na razão, não funciona e trava a gente na vida. Sentir o que está acontecendo é indispensável para se aprender a viver, e cada um tem o seu jeito de levar a vida. Alguns preferem fazer drama e ficar se lamentando, outros preferem uma depressão alternativa e sair para curtir a vida ao invés de chorar, outros preferem ficar sozinhos e refletirem sobre os acertos e erros. Cada um possui a sua própria maneira de ser - e cabe aos conhecidos entenderem e respeitarem isso.

Às vezes as coisas não são como nós queremos que elas sejam. Isso dói. Mas também não devemos nos abalar por isso, tiremos um ou dois dias para ficar mal e não mais que isso. Há muita vida lá fora para se desperdiçar dentro de uma redoma de mágoas e tristezas. A dor não deveria existir, mas é importante lembrar que o que é verdadeiro não nos traz sofrimento. Algo que se quebra, e que você nutria bastante carinho, pode ser doloroso mas não é o fim do mundo. Tudo tem sua maneira de acontecer, o mundo não é perfeito e nem todas as pessoas são felizes.
Talvez o que deveria acontecer é as pessoas não se tornarem mais frias, ou mais fechadas, por causa das situações que dão errado. Não é certo nós nos privarmos da vida só por que alguém nos puxou o tapete enquanto estávamos lá no alto, mesmo que tenha sido fogo-amigo.

Com isso, seria interessante nunca vermos a empolgação passar. Quando estamos empolgados, há paixão no que fazemos, e isso faz com que as coisas fiquem melhores e mais coloridas. Claro que isso é um ideal, não é o que acontece. Cabe a quem vive o fim de uma empolgação saber administrar essa situação sem machucar as pessoas que estão ao seu redor, mais triste que o fim de uma empolgação é quando ela vem acompanhada de lágrimas e tristezas de pessoas que até outra hora você gostava. Cada volta que o mundo dá não deve ser encarada como mais uma volta, ou algo que exigirá de nós um esforço enorme de sobrevivência. Deve ser encarada como uma nova chance de construir algo melhor, deveríamos nos empolgar com sorrisos e com afeição e não com dinheiro ou afago de ego. Deveríamos nos empolgar com a verdade e com a esperança, não com falsas promessas ou achismos.

Aprendemos a respeitar os outros, a sermos educados com os outros. Mas não há fórmulas para se lidar com as pessoas quando elas vão para o chão. Cada uma tem seu jeito de se reerguer, e nós temos que ter empatia o suficiente para saber se a nossa presença é necessária ou não, ou quando ela é. Podemos culpar Deus pelas coisas que dão errado, mas isso é um certo egoísmo nosso. Temos que entender que Deus, ou qualquer entidade Superior que rege nossas vidas, nunca deixa uma oração sem resposta - às vezes Ele simplesmente disse "não". O propósito disso, é algo que só o tempo ira mostrar com suas "dicas" (ver "As coisas no seu devido lugar"). A vida sempre continua.

Devemos saber que toda ferida que sangra, dói no início. Porém ela começa a cicatrizar, e se não mexermos mais nela durante esse processo a dor passa rápido. Sofrer é sempre uma opção daqueles que precisam disso para sobreviver. Quem não gosta de sofrer, sabe deixar o tempo cicatrizar.

Não devemos ter medo de nos entregar quando a próxima oportunidade aparecer, nos privando de uma possível dor também estaremos nos privando de momentos felizes. "A dor nos faz fazer escolhas erradas, o medo da dor também".

Devemos viver a vida com paixão, ficar animados com um sorriso ou com uma brisa fresca.

Não devemos nunca deixar que alguém saía de nosso convívio sem esperança. Sem ela as coisas podem ficar mais cinzas do que já aparentam ser.

Às vezes podemos parecer muito mais velhos do que conseguimos suportar, mas sempre iremos nos surpreender com a nossa força quando as coisas dão errado, vamos nos surpreender com o quanto somos capazes de suportar.

Às vezes as coisas podem parecer dificéis, e elas são, mas com um pouco de coragem, determinação e ingenuidade podemos fazer a vida muito melhor, forte e feliz!


Até a próxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

As coisas no seu devido lugar.

Ninguém disse que as coisas são fáceis. E também ninguém nunca disse que as pessoas poderiam não tentar fazê-las. No decorrer da vida nós vamos aprendendo que quanto mais sincero você tentar ser, mais algumas pessoas irão se aproveitar disso para montar em cima e fazer você de gato e sapato. Não há dúvidas quanto a isso. Mas isso também não é motivo para desistir do que nós somos.

Algumas vezes a vida vai nos pegar numa encruzilhada, e vai doer. Veremos pessoas que irão aparecer nos nossos momentos de paz, e nos deixarão quando tudo já virou um grande furacão. Veremos pessoas que irão aparecer no meio de uma tempestade, e transformará tudo numa grande calmaria. Vamos ver pessoas que não sabem rir de seu próprio tombo, e pessoas que riem de tudo para provar para o mundo que estão bem - mesmo que, no seu interior, estejam chorando. Iremos descobrir que quem faz drama demais não faz drama do que lhe incomoda de verdade. O verdadeiro problema fica internalizado, e confiado apenas para poucas pessoas.

As coisas se encaixam no seu devido lugar.

Na nossa grande caminhada pela vida certamente vamos perceber que um grupo seleto de pessoas tem nosso carinho de forma espontânea e silenciosa. Uma simples troca de olhares é capaz de revelar uma grande carga de sentimentos que palavra nenhuma irá conseguir expressar. Uma música, um acorde, uma batida no lugar certo poderá despertar uma sensação inexplicável no nosso interior

Uma cena de filme, no lugar certo, no momento certo, com o pensamento certo em nossa cabeça, poderá desencadear um processo nervoso de lembranças. O mundo não é perfeito, e nem todas as pessoas são felizes, mas podemos fazer algo para deixar a vida de alguém mais iluminada sempre.

A teoria das coisas em seu lugar não diz muito mais do que o óbvio. Tudo é uma interligação de fatos, momentos, e lembranças que irão desencadear em nós uma resposta. O exemplo da música é o mais clássico. Mas não digo da letra, é um sinal muito claro. Digo dos acordes, de uma palhetada combinada com uma passada certa nas notas, que, se bem ouvida por nossos ouvidos, farão que voltemos e voltemos a música naquela parte para sentir o arrepio. O timbre de voz numa letra que não faz o menor sentido, como algumas do Radiohead, que ouço no momento, pequenos fatores que marcam.

O destino, que existe sim, nos é revelado por pequenos sinais do cotidiano que passamos despercebido, ou até notamos, mas nunca vamos relacionar com o futuro. Não digo aqui de coisas grandes, como uma decisão de "sim" ou "não", isso é grande demais. Um perfume que você sente no ônibus que, dias ou meses ou anos, mais tarde não irá sair de sua cabeça. Uma rua que você passou uma vez na vida, uma música que você ouviu e o refrão, mais tarde, iria te dizer muito. Ou a própria passada da letra resumiria a situação. Tudo está traçado sim, mas a Força Superior não nos deixa tão desamparados sobre nosso futuro. Ele nos manda sinais singelos, que muitas vezes não reparamos porque não sabemos, mas que na hora certa irá se encaixar no seu lugar.

Como perceber esses sinais, se eu acabei de falar que não percebemos pois não sabemos deles? É a grande peça do quebra-cabeça chamado memória. Pequenos detalhes marcantes ficarão registrados na nossa memória, e se revelarão conforme a situação, estará tudo moldado na nossa memória para que na hora certoa haja a sincronia dos passos que já nos foram apresentados com a situação que nos é apresentada. Como se fosse um jogo de seguir pistas, as informações que vamos captando sem perceber vão nos levando para um lugar, e, quando chegamos no alvo, passamos a notar a existência desses sinais. Como? Fácil. Quando o cheiro te lembra algo familiar, quando a música te lembra o momento, quando a maneira que a brisa do vento lhe atinge te traz recordações de uma época.

Mas, como na na vida tudo passam, um dia as coisas vão embora. Ai eu concordo com tudo o que dizem que o que vale é a experiência e a lição, que não deixa de ser um sinal enorme e descarado do destino falando "aguarde e siga em frente". É assim que as coisas funcionam. É assim que as coisas se encaixam.


A teoria das coisas no seu lugar não priveligia grandes feitos, mas sim pequenos detalhes.

A vida está no detalhe, no "olá", no olhar, no aperto de mão, no beijo, no abraço, na intensidade.

Grandes feitos são para a história, pequenos detalhes revelam a personalidade e as carências de uma pessoa.


Grandes coisas ficam no vazio do tempo e da memória, pequenos detalhes se encaixam no calor e na grandeza do coração.

Grandes coisas vão embora, pequenos detalhes determinam quem ficam.


As coisas no seu devido lugar.

Até a próxima!
Peterson Munhoz

sábado, 18 de outubro de 2008

Amor...

Vivemos nessa semana o caso de cárcere privado mais longo na história de São Paulo. O jovem de 22 anos Lindemberg Fernandes invadiu na última segunda-feira o apartamento de sua ex-namorada, Eloá Cristina, 15, e a fez de refém. A história e os personagens todos já conhecemos, foi tudo bastante exposto na mídia.
O que queria comentar é um pouco sobre esse episódio.
A primeira coisa que me chamou a atenção, depois de ser muito bem observado pelo colega jornalista Luis Saninana, é o fato de ter uma situação bem inusitada nesse episódio todo: polícia devolvendo refém para seqüestrador. Não tenho a pretensão de me colocar na posição de um perito criminalista ou de um negociador, mas gostaria de deixar registrado que essa é uma situação que eu nunca imaginei que veria. Polícia, paga para nos proteger, devolvendo pessoas para a linha de tiro. Coisas de Brasil...
Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de o (ex) advogado de defesa do glorioso Lindemberg ter falado que a decisão de seu cliente foi uma prova de amor.
Prova de amor?
Ou esse advogado é solteiro, ou seria muito interessante o método que ele usava para conquistar as suas namoradas. Todos nós já passamos pela frustração de um amor perdido, ou uma ilusão que não foi pra frente. É claro que dói, desanima e tudo mais, mas seguir em frente é um passo fundamental.
Também não tenho a pretensão de ser psicólogo ou entender o que leva uma pessoa a ter esse grau de possessividade sobre outra. Não conhecia nenhuma das partes, muito menos a sua intimidade. Isso talvez seja o erro de alguns comentaristas e apresentadores de TV, querer julgar os outros pelo pouco que sabem. Conhecer uma pessoa é algo que demanda tempo, conversa. Nada que vá acontecer na pressão e na loucura de um seqüestro, por exemplo!

Lindemberg e Eloá tiveram a sua história de amor, não acabou do jeito que ninguém gostaria de acabar. Só uma pessoa muito paranóica se preocuparia com a hipótese de acontecer algo semelhante ao que aconteceu.

O que falarei agora são teorias minhas, o caso de Lindemberg serviu apenas para ilustrar.

Talvez o grande problema da sociedade é a solidão. E quando se encontra alguém com quem possa a começar a ter esperança fica difícil não sentir que "está chegando ao maximo de sua felicidade". Isso é fruto de nosso próprio egoísmo, de entender que o outro está bem pois nós estamos bem. Não é bem assim que as coisas funcionam, tem que haver uma reciprocidade. Amar não é uma espécie de "jogo de poder" no qual cada um pode ficar puxando a sua "cordinha" para o seu lado. É uma troca, é um aprendizado, e essas definições são coisas dificéis de se compreender em sua totalidade. Não que eu já tenha entendido completamente o que isso quer dizer, mas é nessa teoria que eu me baseio.

Ficamos esperando por um pouco de afeição, e quando, de repente, essa afeição não vem mais podemos ficar cegados pelo desespero. Claro que temos sempre justificativas para o que não existe mais, é cultural nosso procurar uma resposta para o desconhecido. É um medo nosso, e isso é completamente emocional. A razão nesse caso iria servir como freio de um carro desgovernado, e é uma situação muito complicada.

No caso do casal, não sei dizer o que aconteceu. Mas espero que eles tenham tido muitos momentos felizes, e é uma pena que todas as coisas boas fiquem manchadas de sangue no final das contas.


Como diria o outro:
"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão."

Crédito das imagens:
Joel Silva - Folha Imagem.


Até a próxima!
Peterson Munhoz

sábado, 30 de agosto de 2008

Um legado Capitalista

Olavo Egydio Setubal ao que sempre me constou foi um homem discreto, na única vez em que eu o vi ele entrou pela porta da frente do banco Itaú, acompanhado de três enfermeiros e seguiu para um evento na mesma sala onde, quase um ano depois, seria velado . Não foi diferente na hora de sua morte. O "Doutor" Olavo, como era conhecido pelos funcionários de sua empresa, a holding Itaúsa, faleceu na manhã da última quarta, dia 27, no hospital Sírio-Libanês aos 85 anos. Poucos sabiam que ele estava internado havia dez dias.

Aos 25 anos ele fundou, com Renato Refinetti, a companhia Artefactos de Metal Deca Ltda, para quem não sabe, ela produz, entra outras coisas, descargas e torneiras. Pouco tempo mais tarde foi convidado pelo tio, Alfredo Egydio de Souza Aranha, a ingressar no Banco Federal de Crédito, "embrião" do atual Banco Itaú. Junto com o amigo Eudoro Villela reestrutorou o Banco e deu a base para a criação do Itaú em si, que fechou o primeiro semestre do ano com o segundo maior lucro do sistema bancário: 4 bilhões de reais.

O "Doutor" também foi prefeito de São Paulo entre os anos de 1975 e 1979, também foi chanceler no Ministério das Relações Exteriores de 1985 a 1986. Conforme informado pela Assessoria de Imprensa do Banco Itaú.

Ainda segundo a nota oficial, Setubal ocupava desde 2001 a presidência do Conselho da holding Itaúsa, e, de 2003, do Banco Itaú financeira. Além da presidência de honra do Instituto Itaú Cultural.

Repercussão


O Visão esteve presente no velório do banqueiro, que aconteceu no Centro Empresarial Itaúsa (CEIC - antigo Centro Empresarial Itaú Conceição) na sala Thomas Ender. A reportagem chegou ao local por volta das 17h40, já tinham passado pelo local o presidente Lula e o governador José Serra. Poucos minutos depois saía o prefeito e canditado a reeleição Gilberto Kassab, que falou para a imprensa: "O Brasil perde um grande homem, um grande empresário, um grande homem público. Quero manifestar também, em nome da cidade de São Paulo, os sentimentos de solidariedade a sua família."

Logo após Kassab deixar o recinto foi a vez da também canditada Marta Suplicy falar com os repórteres: "Ele foi um grande empreendedor e uma pessoa que foi sensível quando foi prefeito . Fez obras importantes como o Parque do Carmo e o Aricanduva e se preocupou com a mobilidade urbana. Foi uma pessoa de respeito." A petista estava acompanhada com o vice de sua chapa, Aldo Rebelo e um assessor, que tentou impedir este repórter de fazer o registro fotográfico.


Visão Crítica
também conseguiu com exclusividade a carta escrita por Roberto Setubal, filho de Olavo, falando um pouco sobre o falecimento do pai. Dentre outras coisas, Roberto destacou a determinação do pai, que poucas vezes faltou ao trabalho mesmo com a saúde fragilizada. Ainda falou sobre como Olavo era culto e apaixonado pela arte. Encerrou a carta dizendo que a maior homenagem que pode-se prestar ao seu pai é continuar a sua obra e legado inspirados pela paixão. Segue um trecho:

"Peço-lhes licença, então, para falar um pouco do pai exemplar, Olavo Setubal, a quem, juntamento com meus irmãos, aprendi a respeitar e admirar desde muito cedo, pelos ensinamentos sábios e precisos, pelo exemplo de vida e de conduta impecável que transmitiu a todos nós.

Ser humano como poucos, sensível, culto, apaixonado pela arte não nos deixa órfãos, entretanto, de sua sabedoria, cultura e dignidade, uma vez que soube, com extrema competência, nos incutir seus ensinamentos.

(...)

Ao compartilhar com todos vocês minha dor e meu sentimento quero também lhes agradecer, pessoalmente e em nome de minha família, as manifestações de respeito, carinho e conforto e pedir-lhes que, juntos, continuemos a trilhar, com orgulho, o caminho que meu pai, com tanto amor, dedicação e entusiasmo trilhou.

Inspirados pela sua paixão realizadora, continuaremos a sua Obras, seu maior legado. Estou certo de que esta será a maior homenagem que lhe prestamos.

Muito obrigado,

Roberto Egydio Setubal"

Bastidores

Durante o tempo que ficamos no local foi observado uma grande movimentação de helicópteros que chegavam no prédio da Itaúsa, bem como a cada minuto chegavam novas coroas de flores que passaram a tomar, aos poucos, a escadaria de acesso às torres. Segundo a Assessoria do Itaú, 120 coroas de flores tinha sido mandadas até o início da noite de quarta, também cerca de 3,5 mil pessoas tinham passado pelo local para ver o corpo de Olavo. A maioria, funcionários.

Um grande esquema de segurança foi montado no local após o anúncio de que o velório seria realizado nas dependência do Itaú. A sala Thomas Ender se encontra no Piso Guajuviras do centro empresarial, o local também abriga o "Acesso do Chafariz" por conta de, logicamente, um chafariz que fica posto na entrada do prédio. Para os funcionários esta entrada esteve fechada durante a parte da tarde, sendo usada exclusivamente para a chegada e saída de autoridades. A entrada de visitantes, também conhecida como "Acesso controlado", virou o bunker dos jornalistas, porém não foi difícil encontrar repórteres sentados no chão digitando matérias.

O cortejo fúnebre deixou o local por volta das 10h40 da manhã da quinta-feira, acompanhado por batedores da Polícia Militar. O corpo seguiu em direção ao crematório da Vila Alpina, Zona Leste de São Paulo, para ser cremado em cerimônia privativa para os familiares. Olavo deixou a esposa Daisy, os filhos Paulo, Maria Alice, Olavo Jr, Roberto, José Luiz, Alfredo e Ricardo, noras e 19 netos.


Imagens:
Olavo Setubal - Ana Ottoni/ Folha Imagem
CEIC - Divulgação Itaú
Gilberto Kassab, Marta Suplicy, Coroas de Flores, Central de Imprensa e Fila - Peterson Munhoz

Até a próxima!
Peterson Munhoz

domingo, 27 de julho de 2008

À espera da largada [2]

Dando continuidade ao post anterior, hoje encerrarei a série "À Espera da Largada" com mais três candidatos que pontuaram na última pesquisa Datafolha, divulgada no último dia 24. São eles: Paulo Maluf (PP), Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL).
Pela ordem, falarei primeiro do deputado federal Paulo Maluf. Que também foi ex-prefeito e ex-governador de São Paulo. Nas eleições de 2006, o então candidato recebeu uma das votações mais expressivas para o cargo. Na época de prefeito realizou alguns projetos que visaram ajudar diversas camadas da população. Entre eles está o "Leve Leite", em que, se a criança frequentasse as aulas da rede pública, levaria para casa um latão de leite em pó para ajudar no sustento; o projeto "Cingapura" que visava transformar as favelas em conjuntos de prédios; fez ainda alguns túneis, viadutos, e avenidas que tinha por objetivo desafogar as vias de trânsito. O porém de Paulo Maluf são as inúmeras acusações de corrupção, desvio de verbas, superfaturamento de obras etc. Segundo o site da AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), que está divulgando a "ficha suja" dos candidatos, o deputado tem, ao menos, sete processos correndo contra ele. Três deles são ações pelo crime de improbidade administrativa, outros dois são crimes contra o sistema financeiro nacional, um engloba crimes contra a paz pública/ quadrilha/ crimes contra o sistema financeiro nacional/ crimes de ocultação de bens, direitos ou valores. O último processo enquadra o deputado no crime de responsabilidade. Sua candidatura à prefeitura foi definida em convenção de seu partido, o Progressista, em que Maluf concorreu com o também deputado Celso Russomano. Sua vice será Alince Corrêa, também deputada federal. Aline, segundo o site da AMB, é ré de um processo que engloba crimes contra a paz pública/ quadrilha/ crimes contra o sistema financeiro internacional/ crimes de ocultação de bens, direitos ou valores. Visão tentou encontrar o site oficial de campanha de Paulo Maluf, para transcrever suas propostas, mas não conseguiu. Caso algum leitor conheça o endereço, peço o favor de me informar nos comentários. O deputado tem 8% das intenções de voto.
A candidata do PPS é Sonia Francine, mais conhecida como Soninha. Sua fama começou quando foi VJ da MTV Brasil por dez anos, teve passagem pela TV Cultura, da onde foi demitida após assumir que fumava maconha, e foi comentarista da ESPN Brasil, e, finalmente, foi uma das apresentadoras do programa Saia Justa, da GNT. Soninha é vereadora pela cidade de São Paulo e está no PPS desde setembro de 2007. Segundo seu site oficial, as propostas das candidatas,
entre todas, são: repovoar o centro, desenvolvendo a "periferia, incentivando a atividade econômica que gera postos de trabalho e melhorando toda a infra-estrutura urbana e serviços públicos "; no que tange a habitação ela pretende "requalificar os conjuntos habitacionais que já existem, garantindo a oferta de áreas de convivência e lazer, CEIs, equipamentos culturais e esportivos, acesso à internet e também melhor aproveitamento dos recursos naturais. Produzir novas unidades com esses critérios em mente, e também mais bonitas, espaçosas e confortáveis"; na área de educação, ela quer "garantir a formação integral (com cultura, esporte, educação ambiental, educação para a saúde e sexualidade etc.), o desenvolvimento de capacidades, cultivo de qualidades e valores (como responsabilidade, respeito, solidariedade e persistência) e promoção da cultura de paz"; e no quesito saúde, ela entende que é necessário "melhorar a integração entre os vários equipamentos (AMAs, UBSs, Hospitais etc.) e a informação sobre os serviços. Ampliar o Programa Saúde da Família. Incrementar as ações de saúde voltadas a públicos diversos como adolescentes, idosos, homens, LGBT". O seu candidato a vice é o escritor e cineasta João Batista de Andrade, ex - secretário de Cultura do Estado de São Paulo, no governo Geraldo Alckmin. A vereadora conta com 2% das intenções de voto, porém o presidente de seu partido, Roberto Freire, acredita que ela tem potencial para chegar ao segundo turno da disputa, conforme dito em entrevista para a Folha Online.
Para encerrar a série, falo agora de Ivan Valente, candidato do Partido da Solidariedade, criado da ruptura que aconteceu no PT há alguns anos. Esse partido reúne a ala mais "radical" do antigo PT. Ivan foi eleito duas vezes deputado estadual (1987/90 e 1991/94) e também foi eleito duas vezes para o cargo de deputado federal, a última já pelo PSOL. Entre suas propostas para educação, Valente pretende reduzir o número de alunos por salas, para dar maiores condições de ensino, investir 30% da arrecadação municipal na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE); na área da Saúde, o candidato pretende estudar os problemas de saúde prioritários de cada região para propor metas para melhorias em cada uma das 31 subprefeituras; finalmente no quesito transportes o deputado quer, entre outras coisas, "ampliar corredores de ônibus, faixas para motociclistas, faixas para ciclistas e alargamento de calçadas", segundo seu site oficial. O vice em sua chapa é o deputado estadual Carlos Giannazi, que foi o autor da Emenda Constitucional 03/07, que trata da ampliação da licença maternidade de 4 para 6 meses concedida às servidoras estaduais. Ivan tem 1% das intenções de voto.

Espero que com esse resumo dos seis principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, o Visão Crítica tenha ajudado os seus leitores a conhecerem um pouco mais sobre os candidatos que concorrem o pleito.

Saiba mais:
Dia 31/07, às 22hs (Brasília), debate na Rede Bandeirantes com os candidatos

Informe-se:
http://www.soninha23.can.br
http://www.ivanvalente.com.br

Imagens: Paulo Maluf : Portal G1
Soninha: Portal Estadão
Ivan Valente: Socialismo.org.br


Até a próxima!
Peterson Munhoz

sábado, 19 de julho de 2008

À espera da largada

Faltando um pouco menos de três meses para o primeiro turno das eleições municipais, os candidatos de São Paulo já vão colocando suas manguinhas de fora. Falarei hoje dos três principais: Kassab, Marta e Alckmin. Posteriormente pretendo disponibilizar um resumo de todos os candidatos ao pleito.
O primeiro é o atual prefeito de São Paulo, senhor Gilberto Kassab. Ele assumiu o posto em 2006, quando o então prefeito José Serra abdicou para concorrer ao governo paulistano. De lá para cá suas principais obras pelo município foram a lei "Cidade Limpa", que decretou o fim das imensas placas de propaganda na cidade, o segundo grande projeto foram as "AMAs": Assistências Médicas Ambulatoriais, que visa atender casos de pouca complexidade, ou seja, aqueles que não necessitam de internação ou cirurgia. Segundo informações do site de Kassab, já foram entregues 110 unidades. Há alguns outros projetos na área da saúde, como o "Mãe Paulistana", que procura dar melhor qualidade de atendimento para gestantes atendidas pelo SUS. A sua vice será a engenheira Alda Marco Antônio, que "tem uma longa carreira dedicada à questão da mulher e à assistência social, em especial no apoio às crianças e aos jovens", ainda segundo o site do prefeito. Alda ficou em terceiro lugar nas eleições para senador em 2006, atrás do eleito Eduardo Suplicy (PT) e Guilherme Afif Domingos (Democratas).
Essa semana, Kassab anunciou que irá estender a validade do Bilhete Único para três horas, o que, segundo seu site, beneficiará 6 milhões de pessoas. De acordo com informações da prefeitura, confirmadas pela assessoria de Kassab e publicadas no "Jornal da Tarde" deste sábado, o benefício, na verdade, atinge 800 mil pessoas. O prefeito nega veementemente que essa atitude tenha sido uma manobra eleitoral. Para constar: o site de Kassab ainda não corrigiu a informação sobre o Bilhete Único.
No campo da educação, Kassab ampliou os "CEUs", que foi uma criação do governo de Marta Suplicy (2001- 2004). A ex-prefeita está voltando com tudo para tentar ocupar a cadeira que já se sentou um dia. Aliás, ela foi a responsável pela mudança de ares do assento, tirando a prefeitura do Palácio dos Trabalhadores, na região do Brás, e a colocando no "Banespinha", próximo ao Vale do Anhagabaú. Em 2007, Marta assumiu a cadeira de ministra do Turismo. Era bola cantada que o cargo serviria apenas para preencher a janela entre as eleições estaduais e as municipais. Foi um curto tempo, que não deixou de ser polêmico, com a famosa frase "relaxa e goza" dita no meio da crise áerea. Suplicy foi considerada uma prefeita que trabalhou mais para os pobres, o que explica sua enorme força nas periferias do município. Além do CEU, ela foi a criadora do Bilhete Único, e do tunel da Rebouças, que inundou na primeira chuva que enfrentou. Para Marta, a tática de Kassab foi manobra eleitoral sim, ainda segundo o "JT". Caso seja eleita, a candidata pretende
construir três hospitais (um Brasilândia, outro no Jaçanã e um último em Paralheiros), além de aperfeiçoar as AMAs. Além de propostas como aumento da rede CEU e dos corredores de ônibus. Seu vice é Aldo Rebelo, conhecido presidente da Câmara dos Deputados, eleito em 2005. Segundo seu site oficial.
O Ibope divulgou hoje uma pesquisa encomendada pela TV Globo e o jornal "O Estado de S.Paulo", nela Marta Suplicy e Geraldo Alckmin aparecem tecnicamente empatados, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Na disputa do primeiro, Marta lidera com 34% das intenções de voto, Alckmin tem 31% e Kassab 10%. Nas simulações de segundo turno, Alckimin ganha todas, muito embora a parcial seja de 47% do tucano ante 43% da petista. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
Geraldo Alckmin tenta a prefeitura paulista pela segunda vez. A primeira foi em 2000, ele era o favorito para disputar o segundo turno com Marta Suplicy, mas, após o ex-prefeito Paulo Maluf chorar, literalmente, em seu programa eleitoral, acabou perdendo a vaga para o progressista. Geraldo também perdeu a disputa para a presidência, em 2006. O grande problema de Alckmin,é a ruptura do PSDB. Na quinta alguns tucanos se afastaram do partido para apoiar Gilberto Kassab, Alckmin evitou comentar. Novamente o ex-governador se vê como uma espécie de excluido do partido, mas, ao contrário de 2006, desta vez ele tem reais chances de levar a disputa. Para seu o cargo de vice, o PSDB decidiu repetir a dobradinha de 2000, e chamou o deputado estadual Campos Machado. Alckmin pretende melhorar a qualidade das UBSs (Unidades Básicas de Saúde); aumentar a malha do Metrô e dos corredores de ônibus, implantando veículos com ar-condicionado; implantar semáforos computadorizados e estacionamentos subterrâneos; aumentar o número de creches e de moradias populares.

A corrida está com seus participantes já na pista, apenas esperando o sinal verde. Que vença a melhor opção para São Paulo, tanto prefeito como vice-prefeito. É sempre bom ficar de olho

Informe-se:
http://www.kassab25.com.br
http://www.geraldo45.com.br
http://www.marta13.can.br

Até a próxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 15 de julho de 2008

O nosso admíravel mundo

Existem alguns fatos da vida que intrigam a gente. Ontem assisti ao filme "O Preço da Coragem" (A Mighty Heart, 2007) que conta a história do jornalista Daniel Pearl, assassinado no Paquistão em 2003, enquanto realizava uma reportagem sobre um homem-bomba chamado Richard Reid. O filme é baseado em um livro que Mariane Pearl, esposa de Daniel, escreveu para apresentar a seu filho quem era o seu pai, que morreu enquanto a criança ainda estava na barriga da mãe.

Meu objetivo nesse post não é fazer uma crítica ou análise do filme. Não é a minha área. O que quero fazer é uma crítica a realidade do jornalista. Também não tenho a pretensão de tratar esse assunto como sendo um jornalista qualificado com 30 anos de carreira. Não sou. Sou apenas um estudante que está começando o 2º ano de faculdade. Mas me permito escrever um texto sobre minha futura profissão.

Daniel Pearl era um jornalista que trabalhava havia 13 anos no Wall Street Journal, de Nova Iorque. Era casado com uma outra jornalista, Mariane, e sabia dos riscos de sua profissão. O principal é ser mal-visto por algum entrevistado, e, como diz a gíria, acabar "apagado". O problema é quando você se põe em risco e é mal recompensado por isso. E essa é a realidade do jornalismo em geral.

Por algum motivo nossa profissão é, na minha visão, tida como algo "você não está fazendo nada mais do que seu dever", ignora-se os riscos que passamos para apurar a informação, além da luta pessoal de estarmos em uma profissão um tanto solitária. Por que solitária? Pois é uma profissão em que o cultivo de amigos é muito difícil, já que todos podem ser fontes em potencial, e o estreitamento da relação fonte-jornalista é altamente condenado. Apurar corretamente uma informação é uma missão que está ficando cada vez mais impossível, muitas vezes pelo curtíssimo prazo para fechar a matéria, acaba sendo publicadas "barrigas" enormes. Um caso recente aconteceu no fim do mês de maio, quando um incêndio em uma fábrica de colchões em Moema, bairro da zona sul de São Paulo, virou uma queda de um avião da Pantanal. Virou manchete de sites como o UOL. Meu celular recebeu uma mensagem as 18 horas informando que a Infraero tinha confirmado a queda da aeronave em um edifício comercial. Dez minutos depois a correção: nem a Pantanal, nem a Infraero, confirmavam a queda da aeronave, nada de tragédia, apenas um incêndio e algumas encomendas de colchões que certamente atrasaram. Se uma informação dessas não foi checada antes de ser publicada, acredito que foi pela pressa de dar o "furo", o que dizer de casos grandes?

O caso da escola Base é um exempl.Os diretores dessa escola tiveram suas vidas arruinadas para sempre por causa que todos acreditavam ser verdadeiras as acusações de que eles abusavam sexualmente dos alunos. O caso foi encerrado por falta de provas contra os acusados. Apenas o "Diário Popular" se omitiu e não estampou manchete condenatória. Preferiu esperar, checar, sabia que o delegado do caso gostava de "aparecer". Se deu bem. O caso da menina Isabella seguiu por um caminho diferente, virou novela. Para encerrar esse assunto, um ditado caí bem: "A pressa é inimiga da perfeição".

Sobre o salário o comentário é bem simples.Ganhar 800 reais pra trabalhar mais de 12 horas por dia, e ver limida a sua vida social é uma espécie de tortura. Digo 800 reais pois é o salário de uma assessora de imprensa que esteve esses dias no "Caldeirão do Huck", da Rede Globo, tentando ganhar dinheiro em um quadro do programa. Vale lembrar que a assessoria de imprensa é considera um refúgio de muitos jornalistas que procuram uma certa estabilidade na profissão. O diário esportivo "Lance!", segundo Paulo Vinícius Coelho em seu livro "Jornalismo Esportivo" pagava cerca de 500 reais no seu início, e hoje o salário não passa muito dos 900. Os melhores sálarios ainda estão em grandes redações, como a do jornal "A Folha de S.Paulo", ainda segundo o livro do jornalista.

A pressa, a pressão e o baixo salário (fora algumas doenças que são comuns dos profissionais do jornalismo) me levam a crer que só sobrevive nessa carreira aqueles que nutrirem algo muito forte pelo jornalismo: a paixão. Não qualquer paixão, mas sim aquela paixão de início de carreira, misturada com o entusiasmo. Algo parecido com que parte dos estudantes de jornalismo sentem no começo de sua jornada.

Paixão. Talvez esse seja mesmo o segredo.

Até a próxima
Peterson Munhoz

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A inesgotável fonte

Ele foi um dos principais nomes da música brasileira recente. Conhecido por uma voz grossa, e letras penetrantes, o jovem Junior se transformou no adulto Renato Russo. Teve duas grandes bandas, além da imaginária "The 42th Street Band": o Aborto Elétrico e a Legião Urbana. Essa última é um dos maiores fenômenos musicais do Brasil, vendendo mais de 15 milhões de cópias de todos seus trabalhos lançados.

Renato deixou alguns trabalhos ainda inéditos. A maioria já conhecida dos fãs, e comercialmente "batido". O próprio responsável pelo espólio musical de Renato Russo, Marcelo Fróes, já deixou bem claro que dificilmente haverá outro música que estoure nas rádios - como foi o caso de "Mais Uma Vez", do cd Presente de 2003. Porém, o material ainda não lançado é algo que aguça a curiosidade dos fãs.

Visando satisfazer parte dessa curiosidade, será lançado oficialmente neste domingo, 13/07, o cd "O Trovador Solitário" que traz gravações feitas entre o fim do Aborto Elétrico e o início da Legião Urbana, período em que o próprio Russo se dominava "O Trovador Solitário" pois subia, sozinho, nos palcos de Brasília com um violão e cantava suas músicas, abrindo show de grandes bandas como a Plebe Rude. Esse cd vem com 11 faixas, sendo 9 delas já conhecidas de fãs mais assíduos num arquivo que rola pela internet batizado de "Rádio Brasília". As faixas que completam esse álbum são uma demo de "Que País é Este" de 1978 e um cover de "Summertime", cantado com Cida Moreira em 1984. Sempre no formato "banquinho e violão".

A "Rádio Brasília" foi uma gravação que Renato fez para seus amigos com algumas músicas que viriam a estourar com a Legião Urbana, e duas que fizeram sucesso com o Capital Inicial. Dentre as particularidades, o fã poderá escutar uma versão de "Eu Sei'' enquanto ela ainda se chamava "18 e 21", e a versão "completa" de "Eduardo e Mônica", em que, quem diria, o casal da música planejava se casar no oceano e tinha um apartamento modesto em Brasília. Também há o único registro oficial das músicas "Veraneio Vascaína" e "Anúncio de Refrigerante" na voz de Russo. Ainda há uma música que se repete do repertório do "Presente": "Boomerang Blues"

O cd é lançado pelo selo Discobertas, e distríbuido pela Coqueiro Verde, de Erasmo Carlos. O selo de Marcelo Fróes tem o objetivo de "viabilizar projetos de resgate e reedições – como parceiro das demais gravadoras e de detentores de gravações de valor histórico para fãs, colecionadores e pesquisadores de música brasileira", segundo release oficial. O cd de Renato será o terceiro lançamento do projeto. Os outros dois foram "Zé Ramalho da Paraíba", cd duplo que traz o registros de shows realizados entre 1973 e 1977, quando o cantor ainda não tinha estourado na mídia e "Jackson do Pandeiro - Chiclete com Banana", que traz 28 faixas que representam os fonogramas gravados entre 1958 e 1960 para a antiga Columbia (atual Sony BMG).

O que mais se discute sobre esse novo lançamento de Renato, é se é mais uma forma de ganhar dinheiro às custas do mito criado em torno do cantor. Afinal, de "mais do mesmo" basta a coletânea homonima, e os cd's ao vivo da Legião Urbana. Na minha visão a resposta é não. Vale lembrar que o projeto do selo de Fróes é de lançamentos documentais, não comerciais. Logo, quem procurará esse novo cd de Russo será ofã curioso que quer descobrir como era o ídolo antes do sucesso. Não há musicas comerciais, nada que alimente a sedenta gana das rádios e gravadoras por hits. Apenas versões acústicas e primárias do que já foi estourado. É um cd de arquivo.

Mas, segundo Fróes, há chances de em 2009 ser lançado alguma coisa da Legião Urbana. O que é mais complicado, pois depende dos protecionistas, com toda razão, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, guitarrista e baterista do grupo, respectivamente. O sonho da maioria dos fãs, além dos suposto material inédito deixado pela banda, é ver algum registro de show lançado em forma de vídeo. O mais pedido é o show do Metropolitan, que virou o cd "Como é que se diz Eu Te Amo", em 2001. Será que finalmente o sonho dos fãs se realizará?

Vale lembrar que o único registro oficial de vídeo da banda é o "Acústico MTV", de 1999.


Até a próxima.
Peterson Munhoz

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Fluminense? Mucho gosto, LDU!

Quarta - feira, 2 de julho de 2008. Esse era para ser o dia inesquecível dos 105 anos do Fluminense. De tantas noite, de tantos jogos, aquela decisão contra o LDU naquela noite, no Maracanã, era para ser o momento de glória do tricolor das laranjeiras. A missão era difícil. Uma semana antes, o oponente tinha feito um placar ótimo diante de sua torcida. O time do Equador venceu por 4 a 2. O Fluminense precisava, então, vencer por 2 gols de diferença para levar a decisão para a prorrogação.

Diante de mais de 80 mil pessoas, o tricolor começou a sua missão em busca do inédito título. É fato que a torcida em massa é um motivador enorme, o próprio Corinthians provou isso quando, para mais de 50 mil pessoas no Morumbi, venceu o Goiás por 4x0, revertendo um placar desfavorável, e avançando para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Festa, faixa de "Campeão 2008" e bandeirões por todos lados. Só faltavam o tão sonhado gol. E ele veio aos 5 minutos do primeiro tempo. Mas o Maracanã ficou calado. Numa jogada originada no lado direito da LDU, Bolaños aproveitou bola cruzada e abriu o marcador para os equatorianos. A situação se complicava, agora era preciso três gols para levar para a prorrogação.

O resto todo mundo já sabe. Thiago Neves, o mesmo que falou que fez o gol do título uma semana antes, brilhou e marcou os três gols que o Flu precisava. Lição de casa feita, que venha a prorrogação.

O tempo extra foi morno. O time das Laranjeiras pouco fez e a LDU também. Houve um gol erroneamente anulado marcado pelo time de Quito, mas, erro por erro, a arbitragem não havia dado um pênalti e impediu uma jogada legal do tricolor carioca durante o tempo regulamentar. Um minuto depois do erro, a prorrogação acabou e fomos aos pênaltis.

Depois de duas horas de jogo, não há músculo que aguente. Como bem observou o comentarista da rádio Transamérica, Neto. Talvez o cansaço, aliado com a pressão de cobrar as penalidades máximas com milhares de pessoas olhando, fez com que Conca, o astro Thiago Neves e o apagado Washington não convertessem suas cobranças. O goleiro Cevallos, que não é um dos melhores, deixou passar apenas uma, enquanto, no outro lado, o goleiro Fernando Henrique só conseguiu defender a segunda cobrança. Festa da LDU. Festa do Equador. Decepção e frustração para os tricolores.

A vitória da LDU foi merecida. Não só por terem sido maiores que o Fluminens em campo, mas também porque eles agiram com humildade. Muito ao contrário de Renato Gaúcho e Thiago Neves que deixaram as vitórias subirem a cabeça e passaram a cantar vitória muito antes da hora. Subestimaram os adversários equatorianos mesmo depois de tomarem 4 em Quito. A impressão que dava ao ouvir as entrevistas de Gaúcho, para aqueles que não são ligados no futebol, era que o resultado fora de casa tinha sido um empate, ou uma simples derrota de 1 x 0.

Thiago Neves, que não é bem visto nas bandas paulistas pela mutreta que fez com o Palmeiras no final do ano passado, desembarcou de Quito afirmando com todas as letras que tinha feito o gol do título. Não posso ser hipócrita de não concordar que ele foi o herói do Maracanã com os seus três gols. Mas, um pouco de humildade é sempre bom.

Diziam que torcer para o Fluminense era torcer para o Brasil, peço desculpas, mas eu não concordo. Sei que apesar dos pesares, o povo brasileiro é um povo humilde e trabalhador. É tudo que o Renato Gaúcho não foi. Começou deixando o time titular 20 dias sem jogar, colocando apenas os reservas nas partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro, esse foi o primeiro erro. Segundo, e o mais grave, ele não teve a sensatez de admitir que o adversário tinha valor. O LDU não chegou a final da Libertadores porque o colocaram lá. Batalhou tanto quanto o Fluminense. A justificativa era que "subir no salto" era uma forma de incentivar os jogadores. Desculpe-me novamente, mas, para mim, isso foi apenas uma maneira de iludir a equipe. Acreditar numa inverdade.

No final das contas, a ironia se fez presente. As serpentinas com as cores do Fluminense caíram sobre as cabeças dos jogadores adversários. É assim que se faz o futebol. Garantido mesmo foi as zuações no dia seguinte, proporcionadas por torcedores do Flamengo, Vasco e Botafogo.

E para Renato Gaúcho, fica a lição e a frase que tanto falou martelando na cabeça, só que em outra língua:

Fluminense? Mucho gosto, LDU!

Até a proxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cuidado, políticos trabalhando

Domingo fiz uma viagem a Sorocaba, interior de São Paulo. Fui com alguns amigos na casa de outro que estava fazendo um churrasco. Como toda boa viagem não pudemos deixar de nos perder na cidade, até então nunca explorada por nós.

Enquanto estávamos entretidos no nosso tour não programado por Sorocaba, não pude deixar de notar a enorme quantidade de obras pelas ruas e avenidas. Aliás, o carro deslizava pelo asfalto recém feito. Tudo impecável. Ciclovias sendo implantadas e melhoradas, canteiros de avenidas sendo reurbanizados, novas pavimentações para as calçadas. Ai que me dei conta de que nada é feito de graça nesse mundo. Estamos em 2008, ano de eleições de municipais, e o prefeito tucano Vitor Lippi está em seu primeiro mandato e busca a reeleição no pleito de outubro.

Esse tipo de manobra não é exclusiva do prefeito de nosso exemplo, é extremamente comum. Creio que isso aconteça pois os políticos se valem da extrema valorização que a população dá ao "agora", preterindo o "antes". Ou seja, damos mais valor as mudanças ques estão acontecendo agora a todo sofrimento que passamos antes. Vamos tampando nossos olhos, ficando contentes com a sensação de "algo está sendo feito" quando passamos em frente a placas de "Prefeitura Trabalhando". Valorizamos o ditado "Antes tarde, do que nunca!".

Não é o que deveria acontecer, óbvio. De dois em dois anos, sempre vemos uma avalanche de políticos subindo favela, inaugurando hospitais, dando "pique" em obras paralizadas durante todo um mandato para conseguir um punhado de votos. Aproveitam-se da esperança do povo, que renasce a cada primavera, para ludibriá-los com falsas promessas e frases feitas que dão aquela sensação de "agora vai".

No fim nada muda, e vale aquela velha frase que, infelizmente, já virou clichê: é hora de protestar, ir atrás de nossos direitos. Quem sabe não podemos acreditar de novo?

Enquanto isso, em São Paulo, vemos uma ruptura dentro do PSDB. O polo centrado do partido, FHC, passa por momentos de luto. Alckmin não tem um relacionamento muito bom com Serra desde as eleições de 2006, quando o governador concorreu ao cargo de presidente deixando o então prefeito a ver navios e com o governo de SP como prêmio de consolação. Hoje a situação é inversa. O DEM rompeu uma parceria de eleições com o PSDB e lançou Gilberto Kassab como candidato para reeleição, os tucanos, por sua vez, vão com Geraldo Alckmin, que disputará a cadeira da prefeitura paulista pela segunda vez.

A situação é que José Serra parece pendente para o lado de Kassab, que foi seu vice durante seu curto tempo de prefeitura. O governador já apareceu ao lado do prefeito em quatro eventos. Dos sete eventos que Serra apareceu ao lado de Alckmin, outros quatro foi em conjunto com o candidato democrata. No placar fica 8 contra 3 para Kassab. A disputa só está no começo e a promessa é de grandes emoções para o futuro.

Mas, não custa lembrar que, provavelmente, se Alckmin for eleito, em 2010 haverá aquela dança das cadeiras básicas. Serra é favorito na sucessão presidencial, logo, deverá concorrer à Presidência da República. Alckmin volta a concorrer o direito de sentar na cadeira do palácio dos Bandeirantes, e, a prefeitura sobrará novamente. É bom ficarmos de olho e conhecermos o vice de Geraldo Alckmin.


Uma boa noite e uma boa semana a todos
Peterson Munhoz

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Congresso, a Censura e o CQC

Voltando depois de uma temporada de férias, que, na verdade, foram compromissos profissionais.

Nesse tempo que fiquei fora, muitas coisas aconteceram. a Isabella, o Padre, a seleção de Dunga - que sera mote de outro post - e, finalmente, a estréia do CQC (Custe o Que Custar).

O programa é comandado pelo Marcelo Tas, que, na adolescência de meu pai interpretou o famoso repórter Ernesto Varela, e na minha infância ficou famoso por seu bordão no "Castelo Rá Tim Bum", da TV Cultura: "Porque sim, não é resposta!". Dividem a bancada com ele o Rafinha Bastos, que, na minha opinião, é um dos grandes nomes da comédia stand-up; Marco Lucce, famoso "Silas Simplesmente", e outros nomes até então desconhecidos da grande mídia: Danilo Gentili, Oscar Filho, Felipe Andreoli e Rafael Cortez

Aos poucos a trupe foi conquistando o seu espaço, e, claro, levantando esperadas comparações com o "Pânico na TV". Alguns quadros do programa são de extrema importância, como o "Proteste Já!", e, uma das reportagens mais bem elaboradas que eu já vi (claro, respeitando o tema do programa) que foi a de Rafael Cortez na cúpula dos Presidentes.

O único porém está aqui no Brasil mesmo. A equipe do CQC foi impedida de entrar no parlamento pois, por algum motivo, os políticos se sentiram incomodados. Claro, as perguntas que a trupe faz são para cutucar, para mostrar que há uma grave ferida aberta e que não tem nenhuma pressa em cicatrizar. Ao invés de encarar a verdade, qual foi a saída mais fácil? Fugir. Claro, fugir é sempre mais fácil.

A questão está repercutindo por parte da imprensa e por parte da opinião pública. Alguns deles são jornalistas, a Band é uma rede de televisão séria, um grupo sério, não iria arriscar sua credibilidade, e Marcelo Tas é um comandante experiente, logo, a trupe irá respeitar limites éticos e de bom -senso jornalístico.

Num lugar que é chamado de "A Casa do Povo", um lugar aberto para as pessoas falarem e serem ouvidas, não deveria impedir o acesso de uma equipe interessada em fazer perguntas que todos nós gostaríamos fazer, mas nao temos acesso. Já tentou mandar um e-mail com perguntas ousadas para algum deputado ou senador? Poucos respondem! Ou, se respondem, é feito com alguma demora.

Existe uma campanha, um abaixo-assinado eletrônico, disponível no site www.cqcnocongresso.com.br. É digno assinarmos ele, e, com a pressão do povo, as portas do congresso se abrirem novamente para todos membros da imprensa. Impedir o acesso de qualquer órgão da imprensa, impedir o trabalho de qualquer jornalista, é considerado censura e condenado pelo primeiro artigo de nossa Constituição.

Fica difícil evoluirmos, como nação, se não podemos criticar o trabalho de quem nos representa. Para mim, é de venal importância os políticos estarem abertos para elogios e críticas. É de conhecimento geral que alguma parte deles rouba nossos bolsos com gosto, na hora de cutucar não gostam?

CQC no Congresso já!

De censura, já basta a que nos auto-exercemos, ao ponderarmos nossas atitudes!


Até a próxima
Peterson Munhoz

sábado, 8 de março de 2008

"Garoto de 8 anos é aprovado em vestibular de direito em GO"

Confesso que tomei um susto quando abri a página do UOL e li essa manchete na última quarta-feira, dia 5. Pensei comigo mesmo: "como pode isso?", ao mesmo tempo em que me lembrava de diversas reportagens que li criticando o número de cursos de Direito espalhados pelo Brasil.

Ao ler a reportagem vi que a história de João Victor Portellinha de Oliveira é diferente das crianças normais. Desenvolveu sua inteligência precocemente, e já cursa a 5º série do ensino fundamental - quando o normal seria a 3º série - e pediu aos pais para prestar um vestibular. Foi agendada então a prova de seleção para a Universidade Paulista (Unip) de Goiânia, que foi feita na sexta 29/2. O resultado saiu dia 3/3 e ele efetivou sua matricula dois dias depois. A Unip alega que o garoto prestou a prova como treineiro, embora o formulário de inscrição não apresente essa alternativa. Essa situação deixou o MEC, o ministro da educação e o país inteiro de cabelos em pé. Afinal, como um menino de 8 anos consegue passar num vestibular, e, ainda por cima, classificá-lo como "fácil"?

Isso mostra mais uma vez como a qualidade do ensino superior no Brasil já está caminhando para um triste fim faz tempo, e faculdades como a Unip já não possuem qualquer moral com os alunos de Ensino Médio. Não é certo haver "provas agendadas", ainda mais em março, com o ano letivo já em curso, apenas para atrair mais alunos para faculdade (ou para completar vagas remanscentes, como eles dizem). É muito certo a OAB pedir intervenção do MEC, e o senhor Fernando Haddad, ministro da educação, começar a investigar o vestibular da Unip. Quem ficará com a fama de ensino de péssima qualidade é o Brasil, tudo por causa de uma parcela que pensa mais em quantidade (de dinheiro) do que em qualidade (de ensino).

Temos muito ainda a aprender no quesito educação. Da base ao superior. Talvez já esteja na hora de fechar tudo para balanço e lançar às diversas univerisidades, que se mostram incompetentes no quesito ensinar, um ultimato. "A situação do jeito que está não pode continuar, ou melhora a qualidade ou fecha as portas". Já sofremos com um péssimo ensino público, é ainda mais vergonhoso ver que podemos estar formando péssimos profissionais também- e isso ser culpa de um canceroso interesse por dinheiro.


Uma boa semana a todos.

sábado, 1 de março de 2008

Início

Muito longe de blogs conceituados, como o do Noblat ou do Kfouri, este é apenas uma tentativa de um desconhecido estudante de jornalismo que gostaria de expressar suas opiniões sobre o que acontece no mundo. Tanto nesse mundão de raças e credos, como no mundinho que se é descoberto a cada aula realizada nos prédios da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Sou Peterson Munhoz Hofjud, tenho 18 anos, ainda empolgado com a minha recente maioridade, e descobrindo aos poucos o que é o mundo da Comunicação, abro esse blog para ter um espaço a mais para falar sobre coisas que eu considero importantes, e não via espaço para falar no meu flog - que acabou se tornando muito restrito à minha vida pessoal. Daí, já há algum tempo, crescia uma idéia de fazer algo parecido com o que está sendo criado aqui.

Algum tempo depois, surgiu a oportunidade de trabalhar junto a um colega meu de Mackenzie. O Leandro me mostrou o projeto dele, que é uma proposta mais complexa do que será realizado aqui - mas que também será feito com uma equipe maior - e eu gostei bastante. porém, devido a algumas urgências de minha vida particular declinei o convite. Porém a motivação continuou, e, com a preguiça de lado, criei esse blog.

Claro que haverá melhorias. O layout será mais desenvolvido, talvez algo com HTML, mas, tudo em seu devido tempo. O que me preocupo agora é proporcionar um conteúdo interessante para quem vier ler os posts. No início serão apenas comentários, com o tempo - e com as técnicas aprendidas na faculdade - pretendo desenvolver o conteúdo, adicionar entrevistas com pessoas da rua (um autêntico "fala povo") e com especialistas nos assuntos pautados. O conteúdo das postagens se dividirá no tripé cotidiano-política-esportes, podendo, claro, ser abordados outros temas, como cultura.

Então é isso. Devo entrar já semana que vem com algum post. Ah sim, a respeito das atualizações: a princípio será as sextas, dependendo da aceitação, eu farei atualizações as quartas também. A meta é três atualizações semanais.


Até a próxima e boa noite.