quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quando uma imagem...

"Immerse your soul in love
Immerse your soul in love"


Nesse mês, apenas reflitam.



Até a próxima!
Peterson Munhoz


domingo, 15 de março de 2009

"Keep Walking..."

"You've done it now
Now send me way out
I feel insecure and desperate

I wish I was myself

Again..
I wish I was myself"



A paz que experimentamos enquanto estamos no alto é inversamente proporcional à turbulência que passamos quando estamos lá embaixo.

De repente nossa vida é tomada por uma maré de sorte que nos leva a acreditar que tudo irá dar certo. É fácil acreditar que tudo vai dar certo quando tudo está dando certo, o problema é continuar acreditando nisso quando a roda-gigante da vida resolve dar uma virada. Enquanto estamos lá no alto, o céu é cada vez mais azul e costumamos irradiar alegria em todos os momentos. O bom humor está presente em toda e cada situação, e isso pode incomodar os outros.

Mas, não é sobre isso que eu quero falar, afinal nós não nos incomodamos com a nossa própria felicidade. Nós sofremos mesmo é com a dor, necessária e incômoda.


Existem certos momentos em que precisamos realmente sofrer para crescer. Parece clichê, mas é a pura verdade. Quando algumas coisas simplesmente acabam, e não é por escolha sua, a tendência natural é entrarmos de "luto" para nos recuperarmos da queda. Freud diz que essa experiência é essencial para a vida. De certo o grande problema está quando o tempo começa a passar, e a dor não parece aliviar.


Nesse momento uma reflexão se faz necessária: a dor que não quer ir ou nós que não queremos que a dor vá embora?

É muito simples. As vezes a dor é a única maneira que encontramos para permanecermos ligados a alguém que nos deixou, e, por gostarmos muito dessa pessoas nós não queremos que ela parta. Se pelos meios normais essa pessoa não volta, a saída pode ser ficar sofrendo sempre por ela. É uma péssima opção.

Se identificar negativamente com uma pessoa, não a trará de volta e sim fará que você se feche para o mundo e fique sonhando com uma situação que pode não mais voltar. Aceite que pessoas vem e vão, por mais perfeitas que elas possam parecer ser. Quando algo não dá certo, e você investiu emoção demais nessa relação, você irá sofrer bem mais para resgatar todo o afeto depositado na outra pessoa que não está mais interessada em correspondê-lo. Cada um tem o seu tempo de recuperação, e durante esse tempo você não sentirá vontade de se relacionar novamente - é normal. O importante é não se deseperar pois o tempo está passando e você não consegue resgatar suas emoções, como diria a Doutrina de Buda: "toda a dor vem do desejo de não sentirmos dor". Saiba esperar, saiba deixar ir em frente.

O medo da dor pode nos fazer escolher algumas opções erradas, mas é compreensível que tentemos escapar dela. Quando investimos nossas emoções em algo que se quebrou, não ficamos frustrados pelo fim, mas sim pois nós estavamos nos amando de uma forma muito intensa. Ser correspondido significa que estamos sendo aceitos, e sermos aceitos nos faz nos amarmos muito mais. No momento em que isso se quebra, vem à tona um sentimento enorme de frustração pois não somos mais importantes para alguém. Voltamos a ter aquela sensação de que somos apenas miseráveis.

O tempo vai passando e você começa a perceber que aquela pessoa não está mais sendo importante para você, começamos a "desencanar", e quando a vimos, ou pensamos nela, a gente passa a perceber que o que queremos dela de verdade não é o seu retorno, mas sim o nosso afeto de volta. Desejemos reaver os nossos sentimentos, para que possamos depositá-los completamente em outras pessoas. Desejamos sentir aquele fogo de volta.

O importante, e acho que até essencial, é, ao resgatarmos nossos sentimentos, sempre estarmos prontos para investí-los completamente em outrar relações. Não podemos ficar mais frios e fechados por coisas que não dão certo, seria legal mostrar para a vida que podemos encará-la em sua totalidade.

Às vezes é difícil lidar com as mentiras e com as desilusões, mas temos que ser maiores que a história.


Até a próxima!
Peterson Munhoz

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tempo, Verdade e Corações

“It's a brand new day
The sun is shinning
It's a brand new day
For the first time
In such a long long time
I know
I'll be ok”


Não acredite que tudo é para sempre. A vida não vai ser boa todos os dias, mas nem por isso será sempre ruim. Você tenderá ao equilíbrio, mas a memória traiçoeira sentirá bem mais os dias ruins. Não é sua culpa, mas reerguer sempre exigirá mais força do que cair.

Seu coração será quebrado, isso faz parte do ciclo da vida, mas ele sempre poderá ser remendado. Nunca diga que você esqueceu alguém do seu passado, isso será mentira. Você irá superar o que não der certo, mas ainda sentirá um friozinho na barriga quando reencontrar tal pessoa. Provavelmente não será a mesma coisa, provavelmente algum dos dois sairá magoado com isso, mas você não deve ficar mais frio. Seja feliz sempre que der, mas se precisar ficar triste, fique. Alguns dias na “fossa” são essenciais para a reconstrução de uma estima derrubada. Quem está sempre feliz, provavelmente tem coisas a esconder. Chore, entupa-se de chocolate ou simplesmente fique pensativo, mas deixe a cicatriz fechar. Nada é 100% o tempo inteiro. Mas saiba que no final, tudo passa.

Não ache que as coisas vão acontecer quando você menos esperar. Isso não existe. As coisas vão acontecer na hora em que tiverem que acontecer. Se você pensa nisso todo dia, a espera será mais dolorosa. Se você consegue “desencanar”, provavelmente achará que o tempo passará mais rápido. Não importa, esperando ou não, as coisas só acontecem quando chega o tempo certo. Lembre-se que, às vezes, coisas muito boas só acontecem depois que você acha que tudo deu errado. Nunca perca a esperança, por mais medo que você tenha daquilo que você não sabe. Já dizia o outro: “o sol nasce para todos, só não sabe quem não quer”.

Não desista. Não leve a sério esse conselho, a não ser que a frase seja “não desista, ainda”. Claro que não estou dizendo para você desistir facilmente, lute sempre. Só que espero que você saiba que desistir não é uma saída dos fracos, mas só deve ser tomada como ultimo recurso. Tente de tudo antes, mas desista quando você achar que não vai valer mais a pena. Só será vergonhoso se você se entregar antes de lutar. Fora isso, algumas guerras se ganham quando tudo está perdido. Não confunda humildade com humilhação. Quem se auto-humilha não está sendo humilde, mas, sim, idiota. Pense por você, não só em você.

Aceite que a perfeição não existe. Todos nós temos nossos defeitos, todos nós vamos errar alguma hora. Deixe que as pessoas saibam disso. Não permita que alguém entre na sua vida se você não estiver disposto a dar uma segunda chance, se a pessoa merecer. Avise a outra pessoa que ela está em sua segunda chance, mostre os erros, ninguém é adivinho. Por favor, não entre na vida de uma pessoa só para esquecer alguém, isso não vai adiantar. Você irá machucar alguém que não merece e poderá fazer marcas profundas em algum coração puro. Entre na vida de alguém para fazer-la feliz, e deixar que o façam feliz. Vá sem medo.

Ame, sorrie e chore. Dê risada sempre que possível, faça piada com as desgraças da vida. Leve-se a sério quando o bom senso pedir. Só sonhe acordado quando você estiver no seu quarto, fora dele você pode perder chances fenomenais pois não estava prestando atenção. Mantenha grandes amigos ao seu lado, serão eles que irão te segurar na queda. Deixe sua cabeça sempre erguida, por mais que o caminho te leve para baixo.

Reflita sobre tudo isso, e depois esqueça. O caminho para sua felicidade é você mesmo quem trilha (mas saiba que o livre-arbítrio sempre implicará sofrimento).

Até a próxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Caminho dos Barcos

"Lá estava ela novamente. Encarava-o como se ele fosse responsável por lavar sua alma e prepará-la para o desafio de viver e sobreviver a mais um ano. Depois de duas semanas, Isabella voltou a encarar o mar - dessa vez com a certeza que a vida estava diferente e a esperança já estava contaminada com o cheiro de doença. O desafio agora era se reerguer e seguir em frente. Cabeça erguida, coração limpo, estava na hora de dar o primeiro passo de uma nova caminhada - por mais que seus pés ainda doessem e sentissem vontade de desabar."



O ano de 2008 acabou, e com ele foram embora muitas coisas que ficarão para sempre em nossa memória. Com certeza cada um de nós temos nossas conquistas e nossas derrotas que vieram para ajudar a gente a crescer. Não importa a idade, sempre há espaço para novas experiências.


No mundo em geral, 2008 foi um ano complicado para quem investe em ações. A crise imobiliária americana piorou e acabou criando o pequeno monstro que abateu alguns milhares de empregos pelo mundo afora, e quem não perdeu o emprego pode ter sofrido com a queda de salário. Acontece, foi mal, mas tivemos que superar.

Perdemos gente importante nesse ano que passou, ganhamos pessoas novas. Vimos exemplos de superação e amor no esporte (como o caso de Maurren Maggi e do Corinthians) e na vida em geral. Foi um ano e mudanças para alguns, e um ano de decepções para outros. O mundo viveu 2008 com suas turbulências, e o nosso mundo particular fomos nós quem fizemos. Não deveria haver arrependimentos por isso.

O que restou para 2009 foi esperar, mais uma vez, que coisas boas aconteçam. O mundo já começou dando o exemplo errado, com a fria e sangrenta guerra declarada entre Israel e Hamas. É triste ver pessoas morrendo, e triste ver coisas acontecendo e não podermos fazer absolutamente nada para mudar. Ou será que podemos? Essa resposta eu não tenho, e não adianta ficar dando lição de moral ou falar que "temos que acordar e lutar para melhorar o nosso mundo", simplesmente falar não basta. Ficamos céticos para o mundo, e passamos a nos importar com os nossos mundos particulares. Nossa felicidade, nossos amigos, nossos amores. É melhor e mais fácil de cuidar.

Não vamos ser hipócritas, existe uma vontade enorme de ajudarmos o mundo - pelo menos essa é uma vontade real de algumas pessoas. Mas estamos chegando num ponto onde simplesmente não vale a pena tentar. As mentes e corações das pessoas que podem ajudar, pois elas possuem uma coisa chamada "poder", estão envenanados. Estamos deixando a esperança morrer aos poucos. Estamos substituindo a alegria de ver um sorriso estampado no rosto de uma pessoa pela alegria de ver um Iphone ligar. Este é o mundo em que vivemos.

Quando a primeira vez passa sera única chance que temos para provar que somos capazes, queremos ser os melhores e acabamos pondo tudo a perder, acabamos errando muito feio pela real vontade de fazermos o melhor. É complicado, mas ensina a viver. A única maneira de não se decepcionar com os outros é não esperar nada deles.

É a morte da esperança, ou pelo menos uma rápido sumiço dela. Para seguir em frente é preciso um sinal, saber se o que estamos fazendo está certo ou errado.

Se eu pudesse dar um conselho para você nesse novo ano, seria para nunca se tornarem indiferentes com as pessoas. Isso além de machucar, pode acabar com toda a perspectiva de vida da outra pessoa. Acabar com a alegria e com a esperança - ou com o aquele resto de esperança que, mesmo amassado, guardamos com muito carinho em nossos corações

Elogiem quando for preciso
Xinguem quando for preciso
Exponha seus sentimentos, mas por favor nunca fique indiferente

É isso o que condena.

O mundo vai melhorar e as pessoas serão mais felizes em 2009? Eu não sonharia tão alto.

Mas continuo desejando que nesse ano todos possamos plantar e cultivar um pouco mais de esperança, carinho e sentimentos.

Um bom 2009 para todos!
Até a próxima!
Peterson Munhoz



sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Esperando pela Fé

Isabella não sabia mais o que pensar. Ela não tinha vontade de acreditar no que estava acontecendo com a sua vida. "De repente se espera tanto para ir tão logo embora", pensava enquanto olhava o mar quebrar em suas pernas. Apesar de toda mágica do oceano, ela só conseguia sentir insegurança toda vez que a gelada água batia em seu corpo. Isabella não costuma ser pessimista, apenas não entendia como as coisas podiam mudar de uma hora para a outra. Um céu tão cheio de sonhos em que ela não sabia como voar. Achava que era egoísmo demais pedir algo tão pra si para Deus, mas mesmo assim não entendia o motivo dela não ter esse direito. Espera por algo melhor, mas uma pergunta ainda martela em seu coração: "Por que a empolgação tem que passar?"


Existe tempo para tudo nessa vida.

Tempo para sermos felizes, e tempo para ficarmos tristes. É inevitável que essas coisas acontecem no decorrer de nossos dias. O que temos que saber é dosar a intensidade dos sentimentos. Não procuro dizer aqui que devemos levar a nossa vida centrada na razão, não funciona e trava a gente na vida. Sentir o que está acontecendo é indispensável para se aprender a viver, e cada um tem o seu jeito de levar a vida. Alguns preferem fazer drama e ficar se lamentando, outros preferem uma depressão alternativa e sair para curtir a vida ao invés de chorar, outros preferem ficar sozinhos e refletirem sobre os acertos e erros. Cada um possui a sua própria maneira de ser - e cabe aos conhecidos entenderem e respeitarem isso.

Às vezes as coisas não são como nós queremos que elas sejam. Isso dói. Mas também não devemos nos abalar por isso, tiremos um ou dois dias para ficar mal e não mais que isso. Há muita vida lá fora para se desperdiçar dentro de uma redoma de mágoas e tristezas. A dor não deveria existir, mas é importante lembrar que o que é verdadeiro não nos traz sofrimento. Algo que se quebra, e que você nutria bastante carinho, pode ser doloroso mas não é o fim do mundo. Tudo tem sua maneira de acontecer, o mundo não é perfeito e nem todas as pessoas são felizes.
Talvez o que deveria acontecer é as pessoas não se tornarem mais frias, ou mais fechadas, por causa das situações que dão errado. Não é certo nós nos privarmos da vida só por que alguém nos puxou o tapete enquanto estávamos lá no alto, mesmo que tenha sido fogo-amigo.

Com isso, seria interessante nunca vermos a empolgação passar. Quando estamos empolgados, há paixão no que fazemos, e isso faz com que as coisas fiquem melhores e mais coloridas. Claro que isso é um ideal, não é o que acontece. Cabe a quem vive o fim de uma empolgação saber administrar essa situação sem machucar as pessoas que estão ao seu redor, mais triste que o fim de uma empolgação é quando ela vem acompanhada de lágrimas e tristezas de pessoas que até outra hora você gostava. Cada volta que o mundo dá não deve ser encarada como mais uma volta, ou algo que exigirá de nós um esforço enorme de sobrevivência. Deve ser encarada como uma nova chance de construir algo melhor, deveríamos nos empolgar com sorrisos e com afeição e não com dinheiro ou afago de ego. Deveríamos nos empolgar com a verdade e com a esperança, não com falsas promessas ou achismos.

Aprendemos a respeitar os outros, a sermos educados com os outros. Mas não há fórmulas para se lidar com as pessoas quando elas vão para o chão. Cada uma tem seu jeito de se reerguer, e nós temos que ter empatia o suficiente para saber se a nossa presença é necessária ou não, ou quando ela é. Podemos culpar Deus pelas coisas que dão errado, mas isso é um certo egoísmo nosso. Temos que entender que Deus, ou qualquer entidade Superior que rege nossas vidas, nunca deixa uma oração sem resposta - às vezes Ele simplesmente disse "não". O propósito disso, é algo que só o tempo ira mostrar com suas "dicas" (ver "As coisas no seu devido lugar"). A vida sempre continua.

Devemos saber que toda ferida que sangra, dói no início. Porém ela começa a cicatrizar, e se não mexermos mais nela durante esse processo a dor passa rápido. Sofrer é sempre uma opção daqueles que precisam disso para sobreviver. Quem não gosta de sofrer, sabe deixar o tempo cicatrizar.

Não devemos ter medo de nos entregar quando a próxima oportunidade aparecer, nos privando de uma possível dor também estaremos nos privando de momentos felizes. "A dor nos faz fazer escolhas erradas, o medo da dor também".

Devemos viver a vida com paixão, ficar animados com um sorriso ou com uma brisa fresca.

Não devemos nunca deixar que alguém saía de nosso convívio sem esperança. Sem ela as coisas podem ficar mais cinzas do que já aparentam ser.

Às vezes podemos parecer muito mais velhos do que conseguimos suportar, mas sempre iremos nos surpreender com a nossa força quando as coisas dão errado, vamos nos surpreender com o quanto somos capazes de suportar.

Às vezes as coisas podem parecer dificéis, e elas são, mas com um pouco de coragem, determinação e ingenuidade podemos fazer a vida muito melhor, forte e feliz!


Até a próxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

As coisas no seu devido lugar.

Ninguém disse que as coisas são fáceis. E também ninguém nunca disse que as pessoas poderiam não tentar fazê-las. No decorrer da vida nós vamos aprendendo que quanto mais sincero você tentar ser, mais algumas pessoas irão se aproveitar disso para montar em cima e fazer você de gato e sapato. Não há dúvidas quanto a isso. Mas isso também não é motivo para desistir do que nós somos.

Algumas vezes a vida vai nos pegar numa encruzilhada, e vai doer. Veremos pessoas que irão aparecer nos nossos momentos de paz, e nos deixarão quando tudo já virou um grande furacão. Veremos pessoas que irão aparecer no meio de uma tempestade, e transformará tudo numa grande calmaria. Vamos ver pessoas que não sabem rir de seu próprio tombo, e pessoas que riem de tudo para provar para o mundo que estão bem - mesmo que, no seu interior, estejam chorando. Iremos descobrir que quem faz drama demais não faz drama do que lhe incomoda de verdade. O verdadeiro problema fica internalizado, e confiado apenas para poucas pessoas.

As coisas se encaixam no seu devido lugar.

Na nossa grande caminhada pela vida certamente vamos perceber que um grupo seleto de pessoas tem nosso carinho de forma espontânea e silenciosa. Uma simples troca de olhares é capaz de revelar uma grande carga de sentimentos que palavra nenhuma irá conseguir expressar. Uma música, um acorde, uma batida no lugar certo poderá despertar uma sensação inexplicável no nosso interior

Uma cena de filme, no lugar certo, no momento certo, com o pensamento certo em nossa cabeça, poderá desencadear um processo nervoso de lembranças. O mundo não é perfeito, e nem todas as pessoas são felizes, mas podemos fazer algo para deixar a vida de alguém mais iluminada sempre.

A teoria das coisas em seu lugar não diz muito mais do que o óbvio. Tudo é uma interligação de fatos, momentos, e lembranças que irão desencadear em nós uma resposta. O exemplo da música é o mais clássico. Mas não digo da letra, é um sinal muito claro. Digo dos acordes, de uma palhetada combinada com uma passada certa nas notas, que, se bem ouvida por nossos ouvidos, farão que voltemos e voltemos a música naquela parte para sentir o arrepio. O timbre de voz numa letra que não faz o menor sentido, como algumas do Radiohead, que ouço no momento, pequenos fatores que marcam.

O destino, que existe sim, nos é revelado por pequenos sinais do cotidiano que passamos despercebido, ou até notamos, mas nunca vamos relacionar com o futuro. Não digo aqui de coisas grandes, como uma decisão de "sim" ou "não", isso é grande demais. Um perfume que você sente no ônibus que, dias ou meses ou anos, mais tarde não irá sair de sua cabeça. Uma rua que você passou uma vez na vida, uma música que você ouviu e o refrão, mais tarde, iria te dizer muito. Ou a própria passada da letra resumiria a situação. Tudo está traçado sim, mas a Força Superior não nos deixa tão desamparados sobre nosso futuro. Ele nos manda sinais singelos, que muitas vezes não reparamos porque não sabemos, mas que na hora certa irá se encaixar no seu lugar.

Como perceber esses sinais, se eu acabei de falar que não percebemos pois não sabemos deles? É a grande peça do quebra-cabeça chamado memória. Pequenos detalhes marcantes ficarão registrados na nossa memória, e se revelarão conforme a situação, estará tudo moldado na nossa memória para que na hora certoa haja a sincronia dos passos que já nos foram apresentados com a situação que nos é apresentada. Como se fosse um jogo de seguir pistas, as informações que vamos captando sem perceber vão nos levando para um lugar, e, quando chegamos no alvo, passamos a notar a existência desses sinais. Como? Fácil. Quando o cheiro te lembra algo familiar, quando a música te lembra o momento, quando a maneira que a brisa do vento lhe atinge te traz recordações de uma época.

Mas, como na na vida tudo passam, um dia as coisas vão embora. Ai eu concordo com tudo o que dizem que o que vale é a experiência e a lição, que não deixa de ser um sinal enorme e descarado do destino falando "aguarde e siga em frente". É assim que as coisas funcionam. É assim que as coisas se encaixam.


A teoria das coisas no seu lugar não priveligia grandes feitos, mas sim pequenos detalhes.

A vida está no detalhe, no "olá", no olhar, no aperto de mão, no beijo, no abraço, na intensidade.

Grandes feitos são para a história, pequenos detalhes revelam a personalidade e as carências de uma pessoa.


Grandes coisas ficam no vazio do tempo e da memória, pequenos detalhes se encaixam no calor e na grandeza do coração.

Grandes coisas vão embora, pequenos detalhes determinam quem ficam.


As coisas no seu devido lugar.

Até a próxima!
Peterson Munhoz

sábado, 18 de outubro de 2008

Amor...

Vivemos nessa semana o caso de cárcere privado mais longo na história de São Paulo. O jovem de 22 anos Lindemberg Fernandes invadiu na última segunda-feira o apartamento de sua ex-namorada, Eloá Cristina, 15, e a fez de refém. A história e os personagens todos já conhecemos, foi tudo bastante exposto na mídia.
O que queria comentar é um pouco sobre esse episódio.
A primeira coisa que me chamou a atenção, depois de ser muito bem observado pelo colega jornalista Luis Saninana, é o fato de ter uma situação bem inusitada nesse episódio todo: polícia devolvendo refém para seqüestrador. Não tenho a pretensão de me colocar na posição de um perito criminalista ou de um negociador, mas gostaria de deixar registrado que essa é uma situação que eu nunca imaginei que veria. Polícia, paga para nos proteger, devolvendo pessoas para a linha de tiro. Coisas de Brasil...
Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de o (ex) advogado de defesa do glorioso Lindemberg ter falado que a decisão de seu cliente foi uma prova de amor.
Prova de amor?
Ou esse advogado é solteiro, ou seria muito interessante o método que ele usava para conquistar as suas namoradas. Todos nós já passamos pela frustração de um amor perdido, ou uma ilusão que não foi pra frente. É claro que dói, desanima e tudo mais, mas seguir em frente é um passo fundamental.
Também não tenho a pretensão de ser psicólogo ou entender o que leva uma pessoa a ter esse grau de possessividade sobre outra. Não conhecia nenhuma das partes, muito menos a sua intimidade. Isso talvez seja o erro de alguns comentaristas e apresentadores de TV, querer julgar os outros pelo pouco que sabem. Conhecer uma pessoa é algo que demanda tempo, conversa. Nada que vá acontecer na pressão e na loucura de um seqüestro, por exemplo!

Lindemberg e Eloá tiveram a sua história de amor, não acabou do jeito que ninguém gostaria de acabar. Só uma pessoa muito paranóica se preocuparia com a hipótese de acontecer algo semelhante ao que aconteceu.

O que falarei agora são teorias minhas, o caso de Lindemberg serviu apenas para ilustrar.

Talvez o grande problema da sociedade é a solidão. E quando se encontra alguém com quem possa a começar a ter esperança fica difícil não sentir que "está chegando ao maximo de sua felicidade". Isso é fruto de nosso próprio egoísmo, de entender que o outro está bem pois nós estamos bem. Não é bem assim que as coisas funcionam, tem que haver uma reciprocidade. Amar não é uma espécie de "jogo de poder" no qual cada um pode ficar puxando a sua "cordinha" para o seu lado. É uma troca, é um aprendizado, e essas definições são coisas dificéis de se compreender em sua totalidade. Não que eu já tenha entendido completamente o que isso quer dizer, mas é nessa teoria que eu me baseio.

Ficamos esperando por um pouco de afeição, e quando, de repente, essa afeição não vem mais podemos ficar cegados pelo desespero. Claro que temos sempre justificativas para o que não existe mais, é cultural nosso procurar uma resposta para o desconhecido. É um medo nosso, e isso é completamente emocional. A razão nesse caso iria servir como freio de um carro desgovernado, e é uma situação muito complicada.

No caso do casal, não sei dizer o que aconteceu. Mas espero que eles tenham tido muitos momentos felizes, e é uma pena que todas as coisas boas fiquem manchadas de sangue no final das contas.


Como diria o outro:
"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão."

Crédito das imagens:
Joel Silva - Folha Imagem.


Até a próxima!
Peterson Munhoz