sábado, 18 de outubro de 2008

Amor...

Vivemos nessa semana o caso de cárcere privado mais longo na história de São Paulo. O jovem de 22 anos Lindemberg Fernandes invadiu na última segunda-feira o apartamento de sua ex-namorada, Eloá Cristina, 15, e a fez de refém. A história e os personagens todos já conhecemos, foi tudo bastante exposto na mídia.
O que queria comentar é um pouco sobre esse episódio.
A primeira coisa que me chamou a atenção, depois de ser muito bem observado pelo colega jornalista Luis Saninana, é o fato de ter uma situação bem inusitada nesse episódio todo: polícia devolvendo refém para seqüestrador. Não tenho a pretensão de me colocar na posição de um perito criminalista ou de um negociador, mas gostaria de deixar registrado que essa é uma situação que eu nunca imaginei que veria. Polícia, paga para nos proteger, devolvendo pessoas para a linha de tiro. Coisas de Brasil...
Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de o (ex) advogado de defesa do glorioso Lindemberg ter falado que a decisão de seu cliente foi uma prova de amor.
Prova de amor?
Ou esse advogado é solteiro, ou seria muito interessante o método que ele usava para conquistar as suas namoradas. Todos nós já passamos pela frustração de um amor perdido, ou uma ilusão que não foi pra frente. É claro que dói, desanima e tudo mais, mas seguir em frente é um passo fundamental.
Também não tenho a pretensão de ser psicólogo ou entender o que leva uma pessoa a ter esse grau de possessividade sobre outra. Não conhecia nenhuma das partes, muito menos a sua intimidade. Isso talvez seja o erro de alguns comentaristas e apresentadores de TV, querer julgar os outros pelo pouco que sabem. Conhecer uma pessoa é algo que demanda tempo, conversa. Nada que vá acontecer na pressão e na loucura de um seqüestro, por exemplo!

Lindemberg e Eloá tiveram a sua história de amor, não acabou do jeito que ninguém gostaria de acabar. Só uma pessoa muito paranóica se preocuparia com a hipótese de acontecer algo semelhante ao que aconteceu.

O que falarei agora são teorias minhas, o caso de Lindemberg serviu apenas para ilustrar.

Talvez o grande problema da sociedade é a solidão. E quando se encontra alguém com quem possa a começar a ter esperança fica difícil não sentir que "está chegando ao maximo de sua felicidade". Isso é fruto de nosso próprio egoísmo, de entender que o outro está bem pois nós estamos bem. Não é bem assim que as coisas funcionam, tem que haver uma reciprocidade. Amar não é uma espécie de "jogo de poder" no qual cada um pode ficar puxando a sua "cordinha" para o seu lado. É uma troca, é um aprendizado, e essas definições são coisas dificéis de se compreender em sua totalidade. Não que eu já tenha entendido completamente o que isso quer dizer, mas é nessa teoria que eu me baseio.

Ficamos esperando por um pouco de afeição, e quando, de repente, essa afeição não vem mais podemos ficar cegados pelo desespero. Claro que temos sempre justificativas para o que não existe mais, é cultural nosso procurar uma resposta para o desconhecido. É um medo nosso, e isso é completamente emocional. A razão nesse caso iria servir como freio de um carro desgovernado, e é uma situação muito complicada.

No caso do casal, não sei dizer o que aconteceu. Mas espero que eles tenham tido muitos momentos felizes, e é uma pena que todas as coisas boas fiquem manchadas de sangue no final das contas.


Como diria o outro:
"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão."

Crédito das imagens:
Joel Silva - Folha Imagem.


Até a próxima!
Peterson Munhoz

2 comentários:

André Valenti disse...

Legal o texto, véio!
Confesso que sou meio preconceituoso contra tudo o que se refere a essas histórias de seqüestros amplamente cobertas pela mídia. Só de falar já acho que vai ser aquela coisa clichezona e que não vai adicionar grandes coisas e talz...
Mas preciso dizer que gostei muito da filosofia que vc fez baseado no ocorrido, e principalmente de ter deixado claro (e assim feito) que não iria continuar comentando o que os jornalistas da TV já cansaram de fazer, e achei da hora tb as críticas feitas aos mesmos!

[]s!

Unknown disse...

Cara,gostei muito dessa matéria,axei bem prufundo,continue assim...

http://ownedando.blogspot.com/