domingo, 27 de julho de 2008

À espera da largada [2]

Dando continuidade ao post anterior, hoje encerrarei a série "À Espera da Largada" com mais três candidatos que pontuaram na última pesquisa Datafolha, divulgada no último dia 24. São eles: Paulo Maluf (PP), Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL).
Pela ordem, falarei primeiro do deputado federal Paulo Maluf. Que também foi ex-prefeito e ex-governador de São Paulo. Nas eleições de 2006, o então candidato recebeu uma das votações mais expressivas para o cargo. Na época de prefeito realizou alguns projetos que visaram ajudar diversas camadas da população. Entre eles está o "Leve Leite", em que, se a criança frequentasse as aulas da rede pública, levaria para casa um latão de leite em pó para ajudar no sustento; o projeto "Cingapura" que visava transformar as favelas em conjuntos de prédios; fez ainda alguns túneis, viadutos, e avenidas que tinha por objetivo desafogar as vias de trânsito. O porém de Paulo Maluf são as inúmeras acusações de corrupção, desvio de verbas, superfaturamento de obras etc. Segundo o site da AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), que está divulgando a "ficha suja" dos candidatos, o deputado tem, ao menos, sete processos correndo contra ele. Três deles são ações pelo crime de improbidade administrativa, outros dois são crimes contra o sistema financeiro nacional, um engloba crimes contra a paz pública/ quadrilha/ crimes contra o sistema financeiro nacional/ crimes de ocultação de bens, direitos ou valores. O último processo enquadra o deputado no crime de responsabilidade. Sua candidatura à prefeitura foi definida em convenção de seu partido, o Progressista, em que Maluf concorreu com o também deputado Celso Russomano. Sua vice será Alince Corrêa, também deputada federal. Aline, segundo o site da AMB, é ré de um processo que engloba crimes contra a paz pública/ quadrilha/ crimes contra o sistema financeiro internacional/ crimes de ocultação de bens, direitos ou valores. Visão tentou encontrar o site oficial de campanha de Paulo Maluf, para transcrever suas propostas, mas não conseguiu. Caso algum leitor conheça o endereço, peço o favor de me informar nos comentários. O deputado tem 8% das intenções de voto.
A candidata do PPS é Sonia Francine, mais conhecida como Soninha. Sua fama começou quando foi VJ da MTV Brasil por dez anos, teve passagem pela TV Cultura, da onde foi demitida após assumir que fumava maconha, e foi comentarista da ESPN Brasil, e, finalmente, foi uma das apresentadoras do programa Saia Justa, da GNT. Soninha é vereadora pela cidade de São Paulo e está no PPS desde setembro de 2007. Segundo seu site oficial, as propostas das candidatas,
entre todas, são: repovoar o centro, desenvolvendo a "periferia, incentivando a atividade econômica que gera postos de trabalho e melhorando toda a infra-estrutura urbana e serviços públicos "; no que tange a habitação ela pretende "requalificar os conjuntos habitacionais que já existem, garantindo a oferta de áreas de convivência e lazer, CEIs, equipamentos culturais e esportivos, acesso à internet e também melhor aproveitamento dos recursos naturais. Produzir novas unidades com esses critérios em mente, e também mais bonitas, espaçosas e confortáveis"; na área de educação, ela quer "garantir a formação integral (com cultura, esporte, educação ambiental, educação para a saúde e sexualidade etc.), o desenvolvimento de capacidades, cultivo de qualidades e valores (como responsabilidade, respeito, solidariedade e persistência) e promoção da cultura de paz"; e no quesito saúde, ela entende que é necessário "melhorar a integração entre os vários equipamentos (AMAs, UBSs, Hospitais etc.) e a informação sobre os serviços. Ampliar o Programa Saúde da Família. Incrementar as ações de saúde voltadas a públicos diversos como adolescentes, idosos, homens, LGBT". O seu candidato a vice é o escritor e cineasta João Batista de Andrade, ex - secretário de Cultura do Estado de São Paulo, no governo Geraldo Alckmin. A vereadora conta com 2% das intenções de voto, porém o presidente de seu partido, Roberto Freire, acredita que ela tem potencial para chegar ao segundo turno da disputa, conforme dito em entrevista para a Folha Online.
Para encerrar a série, falo agora de Ivan Valente, candidato do Partido da Solidariedade, criado da ruptura que aconteceu no PT há alguns anos. Esse partido reúne a ala mais "radical" do antigo PT. Ivan foi eleito duas vezes deputado estadual (1987/90 e 1991/94) e também foi eleito duas vezes para o cargo de deputado federal, a última já pelo PSOL. Entre suas propostas para educação, Valente pretende reduzir o número de alunos por salas, para dar maiores condições de ensino, investir 30% da arrecadação municipal na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE); na área da Saúde, o candidato pretende estudar os problemas de saúde prioritários de cada região para propor metas para melhorias em cada uma das 31 subprefeituras; finalmente no quesito transportes o deputado quer, entre outras coisas, "ampliar corredores de ônibus, faixas para motociclistas, faixas para ciclistas e alargamento de calçadas", segundo seu site oficial. O vice em sua chapa é o deputado estadual Carlos Giannazi, que foi o autor da Emenda Constitucional 03/07, que trata da ampliação da licença maternidade de 4 para 6 meses concedida às servidoras estaduais. Ivan tem 1% das intenções de voto.

Espero que com esse resumo dos seis principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, o Visão Crítica tenha ajudado os seus leitores a conhecerem um pouco mais sobre os candidatos que concorrem o pleito.

Saiba mais:
Dia 31/07, às 22hs (Brasília), debate na Rede Bandeirantes com os candidatos

Informe-se:
http://www.soninha23.can.br
http://www.ivanvalente.com.br

Imagens: Paulo Maluf : Portal G1
Soninha: Portal Estadão
Ivan Valente: Socialismo.org.br


Até a próxima!
Peterson Munhoz

sábado, 19 de julho de 2008

À espera da largada

Faltando um pouco menos de três meses para o primeiro turno das eleições municipais, os candidatos de São Paulo já vão colocando suas manguinhas de fora. Falarei hoje dos três principais: Kassab, Marta e Alckmin. Posteriormente pretendo disponibilizar um resumo de todos os candidatos ao pleito.
O primeiro é o atual prefeito de São Paulo, senhor Gilberto Kassab. Ele assumiu o posto em 2006, quando o então prefeito José Serra abdicou para concorrer ao governo paulistano. De lá para cá suas principais obras pelo município foram a lei "Cidade Limpa", que decretou o fim das imensas placas de propaganda na cidade, o segundo grande projeto foram as "AMAs": Assistências Médicas Ambulatoriais, que visa atender casos de pouca complexidade, ou seja, aqueles que não necessitam de internação ou cirurgia. Segundo informações do site de Kassab, já foram entregues 110 unidades. Há alguns outros projetos na área da saúde, como o "Mãe Paulistana", que procura dar melhor qualidade de atendimento para gestantes atendidas pelo SUS. A sua vice será a engenheira Alda Marco Antônio, que "tem uma longa carreira dedicada à questão da mulher e à assistência social, em especial no apoio às crianças e aos jovens", ainda segundo o site do prefeito. Alda ficou em terceiro lugar nas eleições para senador em 2006, atrás do eleito Eduardo Suplicy (PT) e Guilherme Afif Domingos (Democratas).
Essa semana, Kassab anunciou que irá estender a validade do Bilhete Único para três horas, o que, segundo seu site, beneficiará 6 milhões de pessoas. De acordo com informações da prefeitura, confirmadas pela assessoria de Kassab e publicadas no "Jornal da Tarde" deste sábado, o benefício, na verdade, atinge 800 mil pessoas. O prefeito nega veementemente que essa atitude tenha sido uma manobra eleitoral. Para constar: o site de Kassab ainda não corrigiu a informação sobre o Bilhete Único.
No campo da educação, Kassab ampliou os "CEUs", que foi uma criação do governo de Marta Suplicy (2001- 2004). A ex-prefeita está voltando com tudo para tentar ocupar a cadeira que já se sentou um dia. Aliás, ela foi a responsável pela mudança de ares do assento, tirando a prefeitura do Palácio dos Trabalhadores, na região do Brás, e a colocando no "Banespinha", próximo ao Vale do Anhagabaú. Em 2007, Marta assumiu a cadeira de ministra do Turismo. Era bola cantada que o cargo serviria apenas para preencher a janela entre as eleições estaduais e as municipais. Foi um curto tempo, que não deixou de ser polêmico, com a famosa frase "relaxa e goza" dita no meio da crise áerea. Suplicy foi considerada uma prefeita que trabalhou mais para os pobres, o que explica sua enorme força nas periferias do município. Além do CEU, ela foi a criadora do Bilhete Único, e do tunel da Rebouças, que inundou na primeira chuva que enfrentou. Para Marta, a tática de Kassab foi manobra eleitoral sim, ainda segundo o "JT". Caso seja eleita, a candidata pretende
construir três hospitais (um Brasilândia, outro no Jaçanã e um último em Paralheiros), além de aperfeiçoar as AMAs. Além de propostas como aumento da rede CEU e dos corredores de ônibus. Seu vice é Aldo Rebelo, conhecido presidente da Câmara dos Deputados, eleito em 2005. Segundo seu site oficial.
O Ibope divulgou hoje uma pesquisa encomendada pela TV Globo e o jornal "O Estado de S.Paulo", nela Marta Suplicy e Geraldo Alckmin aparecem tecnicamente empatados, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Na disputa do primeiro, Marta lidera com 34% das intenções de voto, Alckmin tem 31% e Kassab 10%. Nas simulações de segundo turno, Alckimin ganha todas, muito embora a parcial seja de 47% do tucano ante 43% da petista. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
Geraldo Alckmin tenta a prefeitura paulista pela segunda vez. A primeira foi em 2000, ele era o favorito para disputar o segundo turno com Marta Suplicy, mas, após o ex-prefeito Paulo Maluf chorar, literalmente, em seu programa eleitoral, acabou perdendo a vaga para o progressista. Geraldo também perdeu a disputa para a presidência, em 2006. O grande problema de Alckmin,é a ruptura do PSDB. Na quinta alguns tucanos se afastaram do partido para apoiar Gilberto Kassab, Alckmin evitou comentar. Novamente o ex-governador se vê como uma espécie de excluido do partido, mas, ao contrário de 2006, desta vez ele tem reais chances de levar a disputa. Para seu o cargo de vice, o PSDB decidiu repetir a dobradinha de 2000, e chamou o deputado estadual Campos Machado. Alckmin pretende melhorar a qualidade das UBSs (Unidades Básicas de Saúde); aumentar a malha do Metrô e dos corredores de ônibus, implantando veículos com ar-condicionado; implantar semáforos computadorizados e estacionamentos subterrâneos; aumentar o número de creches e de moradias populares.

A corrida está com seus participantes já na pista, apenas esperando o sinal verde. Que vença a melhor opção para São Paulo, tanto prefeito como vice-prefeito. É sempre bom ficar de olho

Informe-se:
http://www.kassab25.com.br
http://www.geraldo45.com.br
http://www.marta13.can.br

Até a próxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 15 de julho de 2008

O nosso admíravel mundo

Existem alguns fatos da vida que intrigam a gente. Ontem assisti ao filme "O Preço da Coragem" (A Mighty Heart, 2007) que conta a história do jornalista Daniel Pearl, assassinado no Paquistão em 2003, enquanto realizava uma reportagem sobre um homem-bomba chamado Richard Reid. O filme é baseado em um livro que Mariane Pearl, esposa de Daniel, escreveu para apresentar a seu filho quem era o seu pai, que morreu enquanto a criança ainda estava na barriga da mãe.

Meu objetivo nesse post não é fazer uma crítica ou análise do filme. Não é a minha área. O que quero fazer é uma crítica a realidade do jornalista. Também não tenho a pretensão de tratar esse assunto como sendo um jornalista qualificado com 30 anos de carreira. Não sou. Sou apenas um estudante que está começando o 2º ano de faculdade. Mas me permito escrever um texto sobre minha futura profissão.

Daniel Pearl era um jornalista que trabalhava havia 13 anos no Wall Street Journal, de Nova Iorque. Era casado com uma outra jornalista, Mariane, e sabia dos riscos de sua profissão. O principal é ser mal-visto por algum entrevistado, e, como diz a gíria, acabar "apagado". O problema é quando você se põe em risco e é mal recompensado por isso. E essa é a realidade do jornalismo em geral.

Por algum motivo nossa profissão é, na minha visão, tida como algo "você não está fazendo nada mais do que seu dever", ignora-se os riscos que passamos para apurar a informação, além da luta pessoal de estarmos em uma profissão um tanto solitária. Por que solitária? Pois é uma profissão em que o cultivo de amigos é muito difícil, já que todos podem ser fontes em potencial, e o estreitamento da relação fonte-jornalista é altamente condenado. Apurar corretamente uma informação é uma missão que está ficando cada vez mais impossível, muitas vezes pelo curtíssimo prazo para fechar a matéria, acaba sendo publicadas "barrigas" enormes. Um caso recente aconteceu no fim do mês de maio, quando um incêndio em uma fábrica de colchões em Moema, bairro da zona sul de São Paulo, virou uma queda de um avião da Pantanal. Virou manchete de sites como o UOL. Meu celular recebeu uma mensagem as 18 horas informando que a Infraero tinha confirmado a queda da aeronave em um edifício comercial. Dez minutos depois a correção: nem a Pantanal, nem a Infraero, confirmavam a queda da aeronave, nada de tragédia, apenas um incêndio e algumas encomendas de colchões que certamente atrasaram. Se uma informação dessas não foi checada antes de ser publicada, acredito que foi pela pressa de dar o "furo", o que dizer de casos grandes?

O caso da escola Base é um exempl.Os diretores dessa escola tiveram suas vidas arruinadas para sempre por causa que todos acreditavam ser verdadeiras as acusações de que eles abusavam sexualmente dos alunos. O caso foi encerrado por falta de provas contra os acusados. Apenas o "Diário Popular" se omitiu e não estampou manchete condenatória. Preferiu esperar, checar, sabia que o delegado do caso gostava de "aparecer". Se deu bem. O caso da menina Isabella seguiu por um caminho diferente, virou novela. Para encerrar esse assunto, um ditado caí bem: "A pressa é inimiga da perfeição".

Sobre o salário o comentário é bem simples.Ganhar 800 reais pra trabalhar mais de 12 horas por dia, e ver limida a sua vida social é uma espécie de tortura. Digo 800 reais pois é o salário de uma assessora de imprensa que esteve esses dias no "Caldeirão do Huck", da Rede Globo, tentando ganhar dinheiro em um quadro do programa. Vale lembrar que a assessoria de imprensa é considera um refúgio de muitos jornalistas que procuram uma certa estabilidade na profissão. O diário esportivo "Lance!", segundo Paulo Vinícius Coelho em seu livro "Jornalismo Esportivo" pagava cerca de 500 reais no seu início, e hoje o salário não passa muito dos 900. Os melhores sálarios ainda estão em grandes redações, como a do jornal "A Folha de S.Paulo", ainda segundo o livro do jornalista.

A pressa, a pressão e o baixo salário (fora algumas doenças que são comuns dos profissionais do jornalismo) me levam a crer que só sobrevive nessa carreira aqueles que nutrirem algo muito forte pelo jornalismo: a paixão. Não qualquer paixão, mas sim aquela paixão de início de carreira, misturada com o entusiasmo. Algo parecido com que parte dos estudantes de jornalismo sentem no começo de sua jornada.

Paixão. Talvez esse seja mesmo o segredo.

Até a próxima
Peterson Munhoz

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A inesgotável fonte

Ele foi um dos principais nomes da música brasileira recente. Conhecido por uma voz grossa, e letras penetrantes, o jovem Junior se transformou no adulto Renato Russo. Teve duas grandes bandas, além da imaginária "The 42th Street Band": o Aborto Elétrico e a Legião Urbana. Essa última é um dos maiores fenômenos musicais do Brasil, vendendo mais de 15 milhões de cópias de todos seus trabalhos lançados.

Renato deixou alguns trabalhos ainda inéditos. A maioria já conhecida dos fãs, e comercialmente "batido". O próprio responsável pelo espólio musical de Renato Russo, Marcelo Fróes, já deixou bem claro que dificilmente haverá outro música que estoure nas rádios - como foi o caso de "Mais Uma Vez", do cd Presente de 2003. Porém, o material ainda não lançado é algo que aguça a curiosidade dos fãs.

Visando satisfazer parte dessa curiosidade, será lançado oficialmente neste domingo, 13/07, o cd "O Trovador Solitário" que traz gravações feitas entre o fim do Aborto Elétrico e o início da Legião Urbana, período em que o próprio Russo se dominava "O Trovador Solitário" pois subia, sozinho, nos palcos de Brasília com um violão e cantava suas músicas, abrindo show de grandes bandas como a Plebe Rude. Esse cd vem com 11 faixas, sendo 9 delas já conhecidas de fãs mais assíduos num arquivo que rola pela internet batizado de "Rádio Brasília". As faixas que completam esse álbum são uma demo de "Que País é Este" de 1978 e um cover de "Summertime", cantado com Cida Moreira em 1984. Sempre no formato "banquinho e violão".

A "Rádio Brasília" foi uma gravação que Renato fez para seus amigos com algumas músicas que viriam a estourar com a Legião Urbana, e duas que fizeram sucesso com o Capital Inicial. Dentre as particularidades, o fã poderá escutar uma versão de "Eu Sei'' enquanto ela ainda se chamava "18 e 21", e a versão "completa" de "Eduardo e Mônica", em que, quem diria, o casal da música planejava se casar no oceano e tinha um apartamento modesto em Brasília. Também há o único registro oficial das músicas "Veraneio Vascaína" e "Anúncio de Refrigerante" na voz de Russo. Ainda há uma música que se repete do repertório do "Presente": "Boomerang Blues"

O cd é lançado pelo selo Discobertas, e distríbuido pela Coqueiro Verde, de Erasmo Carlos. O selo de Marcelo Fróes tem o objetivo de "viabilizar projetos de resgate e reedições – como parceiro das demais gravadoras e de detentores de gravações de valor histórico para fãs, colecionadores e pesquisadores de música brasileira", segundo release oficial. O cd de Renato será o terceiro lançamento do projeto. Os outros dois foram "Zé Ramalho da Paraíba", cd duplo que traz o registros de shows realizados entre 1973 e 1977, quando o cantor ainda não tinha estourado na mídia e "Jackson do Pandeiro - Chiclete com Banana", que traz 28 faixas que representam os fonogramas gravados entre 1958 e 1960 para a antiga Columbia (atual Sony BMG).

O que mais se discute sobre esse novo lançamento de Renato, é se é mais uma forma de ganhar dinheiro às custas do mito criado em torno do cantor. Afinal, de "mais do mesmo" basta a coletânea homonima, e os cd's ao vivo da Legião Urbana. Na minha visão a resposta é não. Vale lembrar que o projeto do selo de Fróes é de lançamentos documentais, não comerciais. Logo, quem procurará esse novo cd de Russo será ofã curioso que quer descobrir como era o ídolo antes do sucesso. Não há musicas comerciais, nada que alimente a sedenta gana das rádios e gravadoras por hits. Apenas versões acústicas e primárias do que já foi estourado. É um cd de arquivo.

Mas, segundo Fróes, há chances de em 2009 ser lançado alguma coisa da Legião Urbana. O que é mais complicado, pois depende dos protecionistas, com toda razão, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, guitarrista e baterista do grupo, respectivamente. O sonho da maioria dos fãs, além dos suposto material inédito deixado pela banda, é ver algum registro de show lançado em forma de vídeo. O mais pedido é o show do Metropolitan, que virou o cd "Como é que se diz Eu Te Amo", em 2001. Será que finalmente o sonho dos fãs se realizará?

Vale lembrar que o único registro oficial de vídeo da banda é o "Acústico MTV", de 1999.


Até a próxima.
Peterson Munhoz

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Fluminense? Mucho gosto, LDU!

Quarta - feira, 2 de julho de 2008. Esse era para ser o dia inesquecível dos 105 anos do Fluminense. De tantas noite, de tantos jogos, aquela decisão contra o LDU naquela noite, no Maracanã, era para ser o momento de glória do tricolor das laranjeiras. A missão era difícil. Uma semana antes, o oponente tinha feito um placar ótimo diante de sua torcida. O time do Equador venceu por 4 a 2. O Fluminense precisava, então, vencer por 2 gols de diferença para levar a decisão para a prorrogação.

Diante de mais de 80 mil pessoas, o tricolor começou a sua missão em busca do inédito título. É fato que a torcida em massa é um motivador enorme, o próprio Corinthians provou isso quando, para mais de 50 mil pessoas no Morumbi, venceu o Goiás por 4x0, revertendo um placar desfavorável, e avançando para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Festa, faixa de "Campeão 2008" e bandeirões por todos lados. Só faltavam o tão sonhado gol. E ele veio aos 5 minutos do primeiro tempo. Mas o Maracanã ficou calado. Numa jogada originada no lado direito da LDU, Bolaños aproveitou bola cruzada e abriu o marcador para os equatorianos. A situação se complicava, agora era preciso três gols para levar para a prorrogação.

O resto todo mundo já sabe. Thiago Neves, o mesmo que falou que fez o gol do título uma semana antes, brilhou e marcou os três gols que o Flu precisava. Lição de casa feita, que venha a prorrogação.

O tempo extra foi morno. O time das Laranjeiras pouco fez e a LDU também. Houve um gol erroneamente anulado marcado pelo time de Quito, mas, erro por erro, a arbitragem não havia dado um pênalti e impediu uma jogada legal do tricolor carioca durante o tempo regulamentar. Um minuto depois do erro, a prorrogação acabou e fomos aos pênaltis.

Depois de duas horas de jogo, não há músculo que aguente. Como bem observou o comentarista da rádio Transamérica, Neto. Talvez o cansaço, aliado com a pressão de cobrar as penalidades máximas com milhares de pessoas olhando, fez com que Conca, o astro Thiago Neves e o apagado Washington não convertessem suas cobranças. O goleiro Cevallos, que não é um dos melhores, deixou passar apenas uma, enquanto, no outro lado, o goleiro Fernando Henrique só conseguiu defender a segunda cobrança. Festa da LDU. Festa do Equador. Decepção e frustração para os tricolores.

A vitória da LDU foi merecida. Não só por terem sido maiores que o Fluminens em campo, mas também porque eles agiram com humildade. Muito ao contrário de Renato Gaúcho e Thiago Neves que deixaram as vitórias subirem a cabeça e passaram a cantar vitória muito antes da hora. Subestimaram os adversários equatorianos mesmo depois de tomarem 4 em Quito. A impressão que dava ao ouvir as entrevistas de Gaúcho, para aqueles que não são ligados no futebol, era que o resultado fora de casa tinha sido um empate, ou uma simples derrota de 1 x 0.

Thiago Neves, que não é bem visto nas bandas paulistas pela mutreta que fez com o Palmeiras no final do ano passado, desembarcou de Quito afirmando com todas as letras que tinha feito o gol do título. Não posso ser hipócrita de não concordar que ele foi o herói do Maracanã com os seus três gols. Mas, um pouco de humildade é sempre bom.

Diziam que torcer para o Fluminense era torcer para o Brasil, peço desculpas, mas eu não concordo. Sei que apesar dos pesares, o povo brasileiro é um povo humilde e trabalhador. É tudo que o Renato Gaúcho não foi. Começou deixando o time titular 20 dias sem jogar, colocando apenas os reservas nas partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro, esse foi o primeiro erro. Segundo, e o mais grave, ele não teve a sensatez de admitir que o adversário tinha valor. O LDU não chegou a final da Libertadores porque o colocaram lá. Batalhou tanto quanto o Fluminense. A justificativa era que "subir no salto" era uma forma de incentivar os jogadores. Desculpe-me novamente, mas, para mim, isso foi apenas uma maneira de iludir a equipe. Acreditar numa inverdade.

No final das contas, a ironia se fez presente. As serpentinas com as cores do Fluminense caíram sobre as cabeças dos jogadores adversários. É assim que se faz o futebol. Garantido mesmo foi as zuações no dia seguinte, proporcionadas por torcedores do Flamengo, Vasco e Botafogo.

E para Renato Gaúcho, fica a lição e a frase que tanto falou martelando na cabeça, só que em outra língua:

Fluminense? Mucho gosto, LDU!

Até a proxima!
Peterson Munhoz

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cuidado, políticos trabalhando

Domingo fiz uma viagem a Sorocaba, interior de São Paulo. Fui com alguns amigos na casa de outro que estava fazendo um churrasco. Como toda boa viagem não pudemos deixar de nos perder na cidade, até então nunca explorada por nós.

Enquanto estávamos entretidos no nosso tour não programado por Sorocaba, não pude deixar de notar a enorme quantidade de obras pelas ruas e avenidas. Aliás, o carro deslizava pelo asfalto recém feito. Tudo impecável. Ciclovias sendo implantadas e melhoradas, canteiros de avenidas sendo reurbanizados, novas pavimentações para as calçadas. Ai que me dei conta de que nada é feito de graça nesse mundo. Estamos em 2008, ano de eleições de municipais, e o prefeito tucano Vitor Lippi está em seu primeiro mandato e busca a reeleição no pleito de outubro.

Esse tipo de manobra não é exclusiva do prefeito de nosso exemplo, é extremamente comum. Creio que isso aconteça pois os políticos se valem da extrema valorização que a população dá ao "agora", preterindo o "antes". Ou seja, damos mais valor as mudanças ques estão acontecendo agora a todo sofrimento que passamos antes. Vamos tampando nossos olhos, ficando contentes com a sensação de "algo está sendo feito" quando passamos em frente a placas de "Prefeitura Trabalhando". Valorizamos o ditado "Antes tarde, do que nunca!".

Não é o que deveria acontecer, óbvio. De dois em dois anos, sempre vemos uma avalanche de políticos subindo favela, inaugurando hospitais, dando "pique" em obras paralizadas durante todo um mandato para conseguir um punhado de votos. Aproveitam-se da esperança do povo, que renasce a cada primavera, para ludibriá-los com falsas promessas e frases feitas que dão aquela sensação de "agora vai".

No fim nada muda, e vale aquela velha frase que, infelizmente, já virou clichê: é hora de protestar, ir atrás de nossos direitos. Quem sabe não podemos acreditar de novo?

Enquanto isso, em São Paulo, vemos uma ruptura dentro do PSDB. O polo centrado do partido, FHC, passa por momentos de luto. Alckmin não tem um relacionamento muito bom com Serra desde as eleições de 2006, quando o governador concorreu ao cargo de presidente deixando o então prefeito a ver navios e com o governo de SP como prêmio de consolação. Hoje a situação é inversa. O DEM rompeu uma parceria de eleições com o PSDB e lançou Gilberto Kassab como candidato para reeleição, os tucanos, por sua vez, vão com Geraldo Alckmin, que disputará a cadeira da prefeitura paulista pela segunda vez.

A situação é que José Serra parece pendente para o lado de Kassab, que foi seu vice durante seu curto tempo de prefeitura. O governador já apareceu ao lado do prefeito em quatro eventos. Dos sete eventos que Serra apareceu ao lado de Alckmin, outros quatro foi em conjunto com o candidato democrata. No placar fica 8 contra 3 para Kassab. A disputa só está no começo e a promessa é de grandes emoções para o futuro.

Mas, não custa lembrar que, provavelmente, se Alckmin for eleito, em 2010 haverá aquela dança das cadeiras básicas. Serra é favorito na sucessão presidencial, logo, deverá concorrer à Presidência da República. Alckmin volta a concorrer o direito de sentar na cadeira do palácio dos Bandeirantes, e, a prefeitura sobrará novamente. É bom ficarmos de olho e conhecermos o vice de Geraldo Alckmin.


Uma boa noite e uma boa semana a todos
Peterson Munhoz