domingo, 15 de março de 2009

"Keep Walking..."

"You've done it now
Now send me way out
I feel insecure and desperate

I wish I was myself

Again..
I wish I was myself"



A paz que experimentamos enquanto estamos no alto é inversamente proporcional à turbulência que passamos quando estamos lá embaixo.

De repente nossa vida é tomada por uma maré de sorte que nos leva a acreditar que tudo irá dar certo. É fácil acreditar que tudo vai dar certo quando tudo está dando certo, o problema é continuar acreditando nisso quando a roda-gigante da vida resolve dar uma virada. Enquanto estamos lá no alto, o céu é cada vez mais azul e costumamos irradiar alegria em todos os momentos. O bom humor está presente em toda e cada situação, e isso pode incomodar os outros.

Mas, não é sobre isso que eu quero falar, afinal nós não nos incomodamos com a nossa própria felicidade. Nós sofremos mesmo é com a dor, necessária e incômoda.


Existem certos momentos em que precisamos realmente sofrer para crescer. Parece clichê, mas é a pura verdade. Quando algumas coisas simplesmente acabam, e não é por escolha sua, a tendência natural é entrarmos de "luto" para nos recuperarmos da queda. Freud diz que essa experiência é essencial para a vida. De certo o grande problema está quando o tempo começa a passar, e a dor não parece aliviar.


Nesse momento uma reflexão se faz necessária: a dor que não quer ir ou nós que não queremos que a dor vá embora?

É muito simples. As vezes a dor é a única maneira que encontramos para permanecermos ligados a alguém que nos deixou, e, por gostarmos muito dessa pessoas nós não queremos que ela parta. Se pelos meios normais essa pessoa não volta, a saída pode ser ficar sofrendo sempre por ela. É uma péssima opção.

Se identificar negativamente com uma pessoa, não a trará de volta e sim fará que você se feche para o mundo e fique sonhando com uma situação que pode não mais voltar. Aceite que pessoas vem e vão, por mais perfeitas que elas possam parecer ser. Quando algo não dá certo, e você investiu emoção demais nessa relação, você irá sofrer bem mais para resgatar todo o afeto depositado na outra pessoa que não está mais interessada em correspondê-lo. Cada um tem o seu tempo de recuperação, e durante esse tempo você não sentirá vontade de se relacionar novamente - é normal. O importante é não se deseperar pois o tempo está passando e você não consegue resgatar suas emoções, como diria a Doutrina de Buda: "toda a dor vem do desejo de não sentirmos dor". Saiba esperar, saiba deixar ir em frente.

O medo da dor pode nos fazer escolher algumas opções erradas, mas é compreensível que tentemos escapar dela. Quando investimos nossas emoções em algo que se quebrou, não ficamos frustrados pelo fim, mas sim pois nós estavamos nos amando de uma forma muito intensa. Ser correspondido significa que estamos sendo aceitos, e sermos aceitos nos faz nos amarmos muito mais. No momento em que isso se quebra, vem à tona um sentimento enorme de frustração pois não somos mais importantes para alguém. Voltamos a ter aquela sensação de que somos apenas miseráveis.

O tempo vai passando e você começa a perceber que aquela pessoa não está mais sendo importante para você, começamos a "desencanar", e quando a vimos, ou pensamos nela, a gente passa a perceber que o que queremos dela de verdade não é o seu retorno, mas sim o nosso afeto de volta. Desejemos reaver os nossos sentimentos, para que possamos depositá-los completamente em outras pessoas. Desejamos sentir aquele fogo de volta.

O importante, e acho que até essencial, é, ao resgatarmos nossos sentimentos, sempre estarmos prontos para investí-los completamente em outrar relações. Não podemos ficar mais frios e fechados por coisas que não dão certo, seria legal mostrar para a vida que podemos encará-la em sua totalidade.

Às vezes é difícil lidar com as mentiras e com as desilusões, mas temos que ser maiores que a história.


Até a próxima!
Peterson Munhoz